Antevisão da 16ª etapa do Tour

A última semana do Tour começa com alta montanha e com mais uma grande oportunidade para os favoritos se atacarem entre si.

Percurso

Está de volta a altíssima montanha, está de volta o terreno onde os candidatos à classificação geral podem fazer reais diferenças. Os 218 quilómetros entre Carcassonne e Bagneres-de-Luchon são perfeitos para tal, pois após 145 kms bastante planos, compacta 3 subidas nos últimos 75 kms. A sequência de dificuldades começa com o Col de Portet d’Aspet (5.4 kms a 7.1%), ao que se segue de imediato o Col de Menté (6.9 kms a 8.1%), cujo final está a 47 kms da meta. A descida do Col de Menté tem 10 kms e é muito íngreme, seguem-se 20 kms de aproximação em falso plano até ao Col du Portillon, que tem 8.3 kms a 7.1%, uma ascensão bastante regular. Esta última subida está somente a 10 kms do final e o terreno que falta não é propriamente bom para perseguir, pois é uma descida algo técnica.

Favoritos

Uma etapa com este final tem tudo para vermos mais uma fuga a vingar, como tem sido hábitos nos últimos anos em Bagneres-de-Luchon. Os últimos 60 quilómetros são muito duros e o início de etapa é fácil de controlar no entanto acreditamos que aí será a fase onde a fuga se irá consolidar.

Adam Yates veio com aspirações para a classificação geral mas rapidamente ficou de fora. Após algumas etapas discretas, no domingo esteve ao ataque, na tentativa de estar na fuga do dia mas não conseguiu. Estas subidas são perfeitas para o britânico e terá, com toda a certeza, o apoio da equipa para o tentar meter na fuga.

Na etapa 15, Rafal Majka foi o mais forte no Pic de Nore, no entanto a descida e a fase final de plano foram fatais para o polaco. Agora, com a meta a ficar logo após a descida Majka tem uma grande oportunidade, já que numa fuga será dos melhores trepadores. Sabe que para ganhar terá que chegar isolado.

Outsiders

Quem também foi dos melhores na etapa de ontem foi Domenico Pozzovivo. O pequeno italiano está a fazer um excelente Tour e depois do abandono de Vincenzo Nibali vai ter liberdade para procurar uma vitória em etapa. A descida não são boas notícias para Pozzovivo mas se chegar isolado ao topo pode muito bem ganhar.

Bauke Mollema também está de fora pela geral e já procura uma vitória em etapa. Ontem foi 3º e com o passar das Grandes Voltas o holandês tende a melhorar. Terá uma equipa inteira para o apoiar e será sempre um dos melhores trepadores na fuga, como já se viu na etapa 15, onde esteve frente a frente com alguns dos ciclistas já referidos.

Dentro das etapas da semana final, Julian Alaphilippe tem aqui a melhor oportunidade para triunfar. Após um dia de descanso para recuperar energias, o francês sabe que tem que somar pontos para a sua camisola das bolinhas. Não é um puro trepador mas se tiver as pernas da etapa 10 não perderá muito tempo e seguirá com os melhores. Desce como poucos e ainda tem uma boa ponta final.

Possíveis surpresas

É quase certo termos Warren Barguil na fuga, na luta pelos pontos da montanha. Achamos que tem aqui uma excelente etapa e tudo dependerá da sua capacidade física, que tem desiludido nas primeiras duas semanas. Dentro da Mitchelton-Scott, também Mikel Nieve é uma aposta séria, ele que já esteve perto da vitória. Na Bahrain-Merida, Ion Izagirre é a alternativa a Pozzovivo, ele que desce como poucos, podendo compensar o atraso que tenha no topo da montanha. Olho, ainda, na Astana, onde Omar Fraile ou Tanel Kangert podem tentar a 3ª vitória consecutiva, em Daniel Navarro, Robert Gesink e Damiano Caruso. Não acreditamos que os favoritos lutem pela etapa, mas caso isso aconteça pensamos que a Team Sky tem tudo para ganhar, quer seja com Geraint Thomas, num sprint em grupo reduzido, ou Chris Froome com um ataque na subida final ou na descida. Tom Dumoulin, Primoz Roglic e os irreverentes Romain Bardet e Dan Martin também podem ter uma palavra a dizer.