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“Sinto que agora não é sobre doping, é sobre política”


Nos últimos meses muitas foram as pessoas que nos perguntaram sobre André Cardoso, ciclista português suspenso desde Junho de 2017, e o assunto voltou à ribalta com a resolução do caso de Chris Froome. Tínhamos em nossa posse algumas informações sobre este assunto, que não podíamos divulgar a pedido da pessoa que nos facultou essas informações, mas hoje voltamos a este assunto, pois o site Velonews teve acesso a documentos oficiais sobre o caso de André Cardoso e conseguiu estabelecer contacto com o ciclista português

Voltando um pouco ao passado, André Cardoso preparava-se para participar no Tour de 2017, ao lado de Alberto Contador, quando recebeu a notícia que tinha acusado positivo a EPO, uma substância dopante, sendo suspenso provisoriamente pela UCI e pela equipa de imediato. André Cardoso negou o uso de tal substância e decidiu pedir a amostra B, e o resultando dessa amostra B, segundo o Velonews, foi inconclusiva, ou seja, não se comprovou o uso de substância dopantes.

Segundo o regulamento da Agência Mundial Anti-Dopagem (WADA), quando a amostra B é negativa, ela sobrepõe-se à amostra A, resultando na ilibação do ciclista. Ora, não foi isso que aconteceu, em vez disso iniciou-se uma enorme batalha legal, pois o laboratório que realizou a análise classificou-a como “descoberta atípica”, e tanto a UCI, como a WADA insistem na suspensão do ciclista português, com o caso a arrastar-se de tribunal em tribunal.

O Velonews conseguiu obter declarações de André Cardoso, onde o ciclista português, que agora trabalha como guia, efetuando passeios de bicicleta. “Sinto que agora não é sobre doping, é sobre política. A UCI sabe que não sou uma estrela, não sou um milionário. Não tenho o dinheiro para lutar com eles. Eles não querem dizer que o laboratório fez um erro porque simplesmente é mais fácil colocar-me fora do desporto”

André Cardoso refere ainda, “se estava a tomar doping, porque iria abrir a porta? Abri a porta porque, sendo completamente honesto, não quero saber da hora do teste, abro sempre a porta. Nunca falhei 1 teste. Quando me ligaram a informar do teste pensei: isto é impossível, ninguém toma EPO, é uma loucura”.

A UCI decidiu insistir na suspensão, ao abrigo da alínea 2.2 do regulamento da WADA, onde diz que permite a estes órgãos dispensar os resultados da amostra B, referenciando somente a amostra A. A WADA diz que a EPO pode-se dissipar ao longo do tempo, mas em 2003, o queniano Bernard Lagat acusou EPO na amostra A, a amostra B veio negativo, e o atleta foi absolvido.

André Cardoso diz que não tem meios para levar o caso ao Tribunal Arbitral do Desporto e que a sua carreira pode muito bem ficar por aqui, num caso que a UCI e a WADA insistem em transformar numa perseguição pessoal.


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