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Os altos e baixos dos primeiros 9 dias do Giro 2018


Em dia da primeira real jornada de descanso (isto porque a viagem de Israel para a Sicília foi tudo menos descanso) é tempo de analisar o que aconteceu até agora na primeira Grande Volta do ano. Até agora houve 3 líderes, 8 vencedores de etapa (só Elia Viviani repetiu) e, curiosamente, ainda nenhuma fuga resultou. Este último aspecto é curioso, pois seria de pensar que as etapas fossem mais complicadas de controlar com equipas de 8 elementos, mas não tem acontecido isso.

Comecemos então por quem se tem destacado com nota positiva, tendo em conta também as expectativas que havia antes da prova.

Mitchelton-Scott – A formação liderada por Matthew White tem estado absolutamente perfeita, e tem feito da união e perspicácia táctica a sua força. Já conta com vitórias em etapa por Esteban Chaves e Simon Yates, e o britânico sai na pole position para a 2ª semana. No papel, a Mitchelton tinha a melhor equipa deste Giro, a par de Team Sky e Astana, mas uma coisa é o papel, outra é colocar todo o seu poderio em prática. Tem sido agradável ver Esteban Chaves de volta ao nível que nos habituou e Jack Haig a mostrar que é um gregário de luxo.

Richard Carapaz – A grande confirmação a este nível. Todos reconheciam qualidade ao equatoriano, que veio para o Giro na mó de cima, depois da 1ª vitória da carreira na Vuelta as Asturias. Aos 24 anos, lidera a juventude e tem estado sempre entre os melhores na alta montanha, mostrando irreverência. Vencedor em Montevergine di Mercogliano, veremos se já tem as pernas para 3 semanas.

Androni – Sidermec – A Androni já ganhou alguma coisa? Não, só que sempre é preciso ganhar para se fazer boas exibições. Em 8 etapas em linha, a Androni esteve na fuga em todas elas, por vezes até com 2 elementos. Se Rodolfo Torres não está em boa forma, a equipa pode confiar em Fausto Masnada, Mattia Cattaneo e Davide Ballerini para continuarem a lutar por 1 vitória em etapa.

José Gonçalves – O português tem feito um Giro extraordinário, 4º no prólogo e 3º em Santa Ninfa (onde podia ter ganho, mas uma má colocação custou-lhe caro). Tem andado entre os melhores na alta montanha, mesmo sendo um puncheur por natureza, o que diz bem da qualidade e momento de forma de José Gonçalves, após alguma alta montanha ainda está em 21º na geral. Vai ter chances de ouro na 2ª semana e tem de aproveitar as boas pernas.

Enrico Battaglin – Realmente o italiano aparece sempre nos momentos decisivos e sempre em grande no Giro. Somou nesta edição a 3ª vitória em etapas no Giro, fazendo o papel de Ulissi como principal puncheur da prova. Andou a cheirar em mais 2 etapas, até em Montevergine di Mercogliano, quando se pensava que seria duro demais para ele.

Ben O’Connor – Despoletou para a ribalta este ano, com boas prestações na Volta a Catalunha e no Tour of the Alps, e agora acaba a 1ª semana do Giro em 14º aos…22 anos. Grande futuro tem este jovem australiano.

Passemos para os corredores que, até agora, estiveram abaixo das nossas expectativas, não quer dizer que não venham a andar bem daqui para a frente.

Diego Ulissi/Fabio Aru – Os 2 líderes da Team UAE Emirates andam perdidos neste Giro. Ulissi teve 3 oportunidades mesmo ao seu jeito (todos os dias que Battaglin andou na luta) e não esteve sequer perto em nenhum deles. Tem estado com uma quebra de rendimento em 2018 e não está a conseguir recuperar as melhores sensações. Fabio Aru disse que vinha para vencer, estava confiante e está em 15º a 2:36. Por exemplo, está a 2 minutos de Dumoulin, com um contra-relógio longo ainda por aí. O maior problema é que a toda a equipa parece não estar a render, já vimos Valerio Conti melhor, e o mesmo se aplica a Atapuma e Polanc.

Danny van Poppel – Com tão poucos puros sprinters no Giro, seria de esperar bem mais do holandês, principalmente depois de vermos os excelentes lançamentos e sprints que Dylan Groenewegen tem feito. O que é certo é que mesmo quando Gijs van Hoecke consegue colocar Poppel na perfeição, falta aquela ponta final. 15º na etapa 2, 5º na etapa 3 e 5º na etapa 7 é fraco para o que se esperava.

Chris Froome/Team Sky – 9 dias desastrosos para o britânico e para a sua equipa. Queda no reconhecimento do contra-relógio, queda a subir na 8ª etapa, falta de pernas para acompanhar os melhores em Gran Sasso e nas etapas para puncheurs. Wout Poels tem sido uma sombra dele mesmo e o problema da Team Sky é que se Froome falhar, só lhe resta Henao, e o colombiano está a mais de 3 minutos do camisola rosa.

Mareczko/Wilier – A Wilier optou por apostar tudo no pequeno sprinter Jakub Mareczko, trazendo somente 1 trepador. Mareczko fez 2º, 4º e 6º nas etapas ao sprint e a equipa fez tudo para o ajudar, tem ficado sempre com ele nas etapas de montanha. Mas Mareczko abandonou na 9ª etapa, e com Zardini também de fora, a Wilier fica quase de mãos atadas à 9ª etapa.

Louis Meintjes – Fez do Giro o grande objectivo da temporada, mas termina a 1ª semana em 23º a 5:44 e nunca mostrou ser capaz de andar com os melhores na alta montanha, o top 10 que Meintjes nos habituou nas Grandes Voltas está mais difícil que nunca.

A 2ª semana vai ser mais curta, 6 etapas e somente se espera maiores diferenças na classificação geral no fim-de-semana. Até lá, os sprinters e puncheurs presentes terão grandes chances para adicionarem algo de muito valioso ao currículo.


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