Antevisão da 10ª etapa do Giro

A segunda semana de Giro começa com uma etapa difícil de prever onde são vários os desfechos possíveis.

Percurso

Bem que os ciclistas precisavam um dia de descanso, antes de atacar esta maratona de 239 quilómetros entre Penne e Gualdo Tadino. Curiosamente, não vai haver tempo de aquecer os motores, com uma subida de 15.7 kms a 5.8% e outra contagem de montanha, desta vez de 3ª categoria logo a seguir. Depois as dificuldades acalmam, mas é notório um traçado com muito sobe e desce, antes de chegarmos à fase final, que pode ser armadilhada. A 30 kms da meta há a última contagem de montanha, de 4ª categoria, que é longa, mas anda sempre a rondar os 3% e 4%. O final é extremamente perigoso, quase que não podiam arranjar um final pior. A 1200 metros há uma direita-esquerda a 90º e a 800 metros e 600 metros mais 2 viragens bem apertadas, em ligeira descida.

Favoritos

Com quase 16 quilómetros de subida logo a abrir, a fuga vai ser composta por bons trepadores, o que pode ser um pouco negativo na parte plana. Pensamos que o desfecho da etapa vai depender de quem estiver na fuga. Se a fuga for grande, tiver elementos da Quick-Step, Bora ou EF Education First, e não incluir ninguém perigoso da geral, a fuga irá triunfar. No entanto, tem havido uma tendência neste Giro das fugas não resultarem, ontem foi dia de descanso, Modolo ainda não ganhou e Viviani quer a camisola por pontos.

Elia Viviani foi batido por Sam Bennett e, com certeza, aprendeu a lição. Já se viu que a Quick-Step Floors tem o melhor comboio e está focada em Viviani. Para além disto, o italiano melhorou este ano neste terreno ondulado e tem tudo para chegar ao final mais fresco que o habitual.

Matej Mohoric tem andado mais discreto que o habitual, mas tudo pode mudar amanhã. O esloveno está em grande forma, tanto que até o vimos ao lado de Pozzovivo no Gran Sasso, só que amanhã é o terreno dele. Mesmo que Mohoric não entre na fuga, um ataque dentro dos 5 kms finais é possível e mesmo provável, já que o final é extremamente técnico.

Outsiders

Sam Bennett terá ficado sem grande pressão nos seus ombros após a vitória já conseguida no Giro. O irlandês está a subir colinas muito bem, e em caso de pelotão compacto é uma certeza estar na discussão. O problema é que o seu lançador, Rudiger Selig, já foi para casa, e para haver novo triunfo, é preciso que tudo corra na perfeição.

Uma bela hipótese para a escapada é Tosh van der Sande, o belga da Lotto-Fix All tem estado muito activo, até na montanha, e tem as características necessárias, competente na montanha, bom rolador, e com boa ponta final.

Alexey Lutsenko é extremamente combativo e completo. Resta saber se a Astana lhe dará liberdade, mas o ciclista cazaque já provou que consegue subir bem, rolar bem, sprintar bem, e é muito astuto.

Possíveis surpresas

Sacha Modolo e a EF Education First ainda não ganharam, e isso é um problema pois as oportunidades começam a escassear. Modolo ainda tem o seu lançador de serviço, Tom van Asbroeck e costuma estar bem depois de um dia duro como este. Já vimos que Niccolo Bonifazio e Danny van Poppel estão um pouco longe do nível de Bennett, Modolo e Viviani, não vemos uma situação de grupo restrito em que Bonifazio e Poppel estarão lá e os outros sprinters não. No entanto, a Israel Cycling Academy já mostrou que quer provocar essas situações, pois tem Kristian Sbaragli na equipa, e o italiano é exímio em grupos de 50/60 elementos. Nesse cenário de grupo restrito temos de contar com Enrico Battaglin e com José Gonçalves, pensamos que uma fuga para o português amanhã é sonhar demais, pois como está ainda próximo na geral, será um ciclista marcado. Ryan Gibbons e Francesco Gavazzi são mais 2 sprinters que passam bem a média montanha. Procurando opções para a fuga, vemos com bons olhos as opções de Enrico Barbin, Krists Neilands, Mattia Cattaneo, Giovanni Visconti e Luis Leon Sanchez, todos possantes, que passam bem a montanha e afastados na classificação geral.