Antevisão do Tour de Romandie
Com o fim das clássicas das Ardenas, o pelotão internacional vira as suas atenções para a Volta a Romandia, prova que serve como um teste ao candidatos das grandes voltas. Apesar de estar perto do Giro, a prova suíça tem os principais candidatos ao Tour que têm aqui a última oportunidade para se mostrar antes da pausa características destes no mês de Maio.
Percurso
O Tour de Romandie começa com um prólogo em Friburgo, que é tudo menos fácil. São 4 quilómetros que têm 400 metros a 4% logo ao início, uma descida de 700 metros, uma parte em plano e um quilómetro final a cerca de 7% de inclinação média, com rampas superiores a 10% em algumas partes. Vai ser interessante, muito interessante.
A primeira etapa em linha tem logo potencial para fazer diferenças, com mais de 2200 metros de acumulado. Tem 4 contagens de montanha de 2ª categoria, Lignières (4.3 kms a 8.3%), Pierre Pertuis (2.5 kms a 6.1%), e ainda 2 passagens por Le Sommet (6.2 kms a 6.4%), sendo que a última das passagens está somente a 18 quilómetros do final.
Diríamos que a 2ª tirada até é plana para os parâmetros do Tour de Romandie. Ainda assim o dia começa logo com uma ascensão de 8.4 kms a 4.5%, para estabelecer a fuga do dia. Segue-se algum terreno de sobe e desce constante, até à 2ª montanha do dia, que tem 5.6 kms a 6.1%, estando localizada a 68 kms da meta. Isto dará tempo para recuperações por parte dos sprinters. Ainda assim é preciso ter muito cuidado, dentro dos 30 kms finais há ainda 3 colinas, a última delas a 17 kms e com quase 1 quilómetro a 4%.
Depois é dia de contra-relógio individual entre Ollon e Villars, e que será basicamente uma crono-escalada de uma subida de 9.9 kms a 7.9% de inclinação média e com rampas de 10%, uma ascensão muito constante e sem grandes períodos de descanso.
A 4ª etapa tem partida e chegada a Sion, com 5 montanhas categorizadas no menu. Logo ao início temos o Ovromaz (8.9 kms a 9.4%), uma subida duríssima. Depois de mais algumas ascensões teremos o Les Colluns, cujo topo está a 27 kms do final. Tem 13.1 kms a 6.6% de inclinação média e podem-se fazer grandes diferenças e haver alguns ataques, pois a fase final é sempre a descer, até aos 6 kms finais.
Para terminar o Tour de Romandie temos então a chegada a Genève. Seria de esperar muita montanha no último dia, mas apenas há 3 contagens de 3ª categoria, e estão todas na primeira metade da etapa. Sem grande espaço para fazer diferenças, é de prever que sejam os sprinters a levarem a sua avante.
Favoritos
Esta é sempre uma prova muito dura e este ano volta a sê-lo. Os dois contra-relógios são tudo menos fáceis e será aí onde se farão as maiores diferentes já que não há chegadas em alto mas sim duas duras etapas de montanha que não terminam em alto.
Primoz Roglic tem aqui um percurso à sua medida. Já se sabe da sua habilidade para andar no esforço individual e, apesar de ser a subir, acreditamos que o esloveno que vem de ganhar o País Basco de uma forma fantástica, tem tudo para estar na luta. Ganhará tempo a quase todos, senão todos, pelo que depois só terá de defender.
E quem pode derrotar Roglic? Pensamos que Geraint Thomas pode ser o seu maior rival. O britânico esteve a um excelente nível no Algarve e no Tirreno-Adriático, finalizando ambas as provas no pódio. É um dos melhores trepadores presentes e também um dos melhores contra-relogistas. Esteve na Liege-Bastogne-Liege para ganhar ritmo, após um estágio de altitude, e conta com uma equipa forte para o apoiar.
Outsiders
Daniel Martin apareceu, finalmente, em 2018 na Liege-Bastogne-Liege. Apenas um furo numa altura decisiva afastou o irlandês da luta no entanto a forma está lá. Normalmente, em provas com contra-relógios não costuma ser dos favoritos, no entanto estes são muito duros e, por isso, o ciclista da UAE Team Emirates vai defender-se. É rápido em grupos restritos, podendo conseguir bonificações.
Um ciclista muito consistente na semana das Ardenas foi Jakob Fuglsang no entanto é um ciclista na mesma situação de Martin, já que se fossem dois contra-relógios planos não teria as mesmas hipóteses. Assim, vai querar defender-se no prólogo, ganhar algum tempo na crono-escalada e ainda conseguir ir às bonificações já que é rápido.
Uma das revelações da temporada está a ser Emanuel Buchmann. 10º em Abu Dhabi e 4º no País Basco, o alemão deu um salto qualitativo. É um excelente trepador, com uma boa ponta final. Prefere subidas longas, como as que vai enfrentar na Suíça, e como ainda não é dos ciclistas mais conhecidos não vai ser muito marcado.
Possíveis surpresas
Apesar de ter Roglic na equipa, não podemos esquecer Steven Kruijswijk, ele que tem tido um início de época melhor que o habitual. Gosta de subidas longas e ingrimes como estas e será um perigo. Ion Izagirre tem sido um dos ciclistas mais regulares das provas de uma semana, tendo sido 4º no Paris-Nice e 3º no País Basco. Vem da semana das Ardenas, onde desapontou, pelo que a sua forma é uma pequena incógnita. Após uma excelente Volta a Catalunha. Pierre Latour tem aqui mais uma prova perfeita para si. Excelente no contra-relógio e muito bom trepador pode ambicionar os lugares mais altos. Jaime Roson teve um fim-de-semana de trabalho para Carlos Barbero mas agora terá a sua oportunidade de brilhar numa prova perfeita para si, já que o trepador espanhol gosta destas inclinações. Richie Porte é uma incógnita, uma vez que ainda não parece estar em forma depois da doença que o afetou nesta primeira metade da época. Atenção a Hugh Carthy, Rui Costa, Simon Spilak e Mathias Frank.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são David Gaudu e Louis Vervaeke.