Antevisão do Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela
O ciclismo está de regresso a Portugal com uma das provas mais montanhosas do nosso calendário, o GP Beiras e Serra da Estrela. Apesar de já ter tido mais montanha que agora, várias são as figuras de proa aqui presentes, bem como algumas equipas estrangeiras de qualidade.
Percurso
A partida da 3ª edição do GP Beiras e Serra da Estrela dá-se em Mêda. A primeira etapa apresenta algumas dificuldades logo no seu início com as duas primeiras contagens de montanha Sobral Pichorro (2,1 kms a 6,2%) e Alto Corticô (2,3 kms a 7,9%) a estarem nos primeiros 52 quilómetros. Seguem-se mais 120 quilómetros até os ciclistas estarem já em Figueira de Castelo Rodrigo. A 7 quilómetros do fim existe uma contagem de montanha de 1800 metros a 8,2% capaz de destruir o pelotão antes da chegada em ligeira subida a esta cidade do interior.
A etapa mais longa da prova surge ao 2º dia com a ligação entre o Sabugal e Seia. 193 quilómetros com 4 contagens de montanha de 2ª categoria e mais algumas subidas não categorizadas uma delas a coincidir com a chegada. Os últimos 30 quilómetros são os mais duros. Alvoco da Serra (8 kms a 4,7%) seguido de duas subidas não categorizadas a rondar os 3 quilómetros de extensão e os 5% de inclinação que antecedem a chegada a Seia (2,4 kms a 4,8%). O quilómetro final é técnico com uma rotunda a anteceder a reta da meta.
A etapa rainha surge no dia final. Com 168 quilómetros, a 3ª etapa tem tudo para ser animada apesar da colocação da Serra da Estrela ainda longe da meta. A subida de 28 kms a 5,2% termina a mais de 110 quilómetros e depois seguem-se praticamente 90 quilómetros de plano e descida até se chegar à Guarda. Uma subida de 8 kms a 4,7% antecede dois pequenos topos que levam aos últimos 900 metros a 6,8% na chegada à cidade da Guarda, a mesma onde costuma termina a Volta a Portugal.
Favoritos
Em termos comparativos, esta é a edição menos dura de uma das provas mais duras em Portugal. Nunca a passagem pela Torre esteve tão longe da meta e mesmo a subida completa à Torre pode estar comprometida pela presença de neve. Ficamos então com mais uma corrida onde a média montanha prevalece e onde as bonificações podem ser decisivas. 10, 6 e 4 segundos estão disponíveis na meta para os 3 primeiros de cada etapa.
Tendo em conta as características da competição e a excelente condição física apresentada nos últimos tempos, Gustavo Veloso tem de ser considerado um dos grandes candidatos. Conseguiu bons resultados na Volta ao Alentejo e terminou recentemente em 6º na Klasika Amorebieta, num nível competitivo elevado. Tem consigo uma W52/FC Porto muito forte, capaz de imprimir ritmos elevadíssimos na montanha.
Dentro das equipas estrangeiras, acreditamos que Wilmar Paredes será aquele que mais luta dará aos ciclistas lusos. O jovem colombiano deverá ser o corredor mais capaz da Manzana Postobon tendo em conta as características da prova, bom trepador e com uma boa ponta final, foi 3º na Klasika Amorebieta e 10º no Circuit Cycliste de Sarthe.
Outsiders
Joni Brandão gostaria certamente de um G.P. Beiras ainda mais duro e com alta montanha. Ainda assim, e caso as subidas sejam atacadas, não se pode descartar o líder do Sporting/Tavira. Ainda em processo de recuperação depois dos problemas de saúde de 2017, mostrou sinais evidentes de melhoria com o 2º posto na Clássica Aldeias de Xisto.
Existem no percurso algumas subidas curtas e inclinadas, a especialidade de Edgar Pinto, que provou isso mesmo com a vitória na etapa rainha da Volta ao Alentejo. Edgar Pinto é alguém que anda bem toda a temporada e aqui não deve ser exceção. É o claro líder da Vito Feirense Blackjack e contará com o apoio próximo de Hugo Sancho, Luis Afonso e Xuban Errazquin.
A Efapel tem o vencedor de 2017, Jesus del Pino, mas a aposta deve recair em Daniel Mestre. Está cada vez melhor na montanha e mantém boas capacidades no sprint, a Efapel quer muito vencer esta prova e pode procurar manter a corrida o mais “congelada” possível para Mestre disputar as bonificações.
Possíveis surpresas
Dmitrii Strakhov poderia perfeitamente estar numa das categorias acima. O jovem russo é um talento enorme, muito completo e que está em grande forma. Artem Salomenkov, Alexander Evtushenko e Kirill Sveshnikov são boas ajudas, não esquecendo que Strakhov pode beneficiar de uma possível marcação entre equipas portuguesas. Vicente de Mateos tem uma boa ponta final e capacidade para estar entre os melhores na montanha, no entanto o espanhol tem aparecido pouco este ano, só que tem o hábito de andar bem a época toda, pelo que deverá começar a carburar. Tem uma boa equipa para o apoia, principalmente David de la Fuente, Juan Perez e Oscar Hernandez. Estão aqui presentes ciclistas portugueses em equipas estrangeiras que também deverão andar entre os melhores, falamos de Joaquim Silva e Ricardo Vilela, Joaquim Silva que também tem Sergio Pardilla e Cristian Rodriguez na Caja Rural. A Radio Popular Boavista tem uma formação coesa, David Rodrigues conhece muito bem a região, João Benta adora a alta montanha e Domingos Gonçalves tentará aguentar com os melhores. A W52/FC Porto também tem várias soluções, António Carvalho e César Fonte podem ser apostas, tal como Frederico Figueiredo e Rinaldo Nocentini no Sporting/Tavira. Atenção ainda a Robin Carpenter, na Rally Cycling.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Henrique Casimiro e Brandon McNulty.