Antevisão do Paris-Roubaix
Chegou o Inferno do Norte, um dia que muitos ciclistas apontaram no calendário e que muitos fãs de ciclismo ansiavam. Após semanas e semanas a correr em estradas belgas, o ponto alto e o culminar da fase das Clássicas do Norte ocorre no Norte de França, com a ligação entre Compiegne e o velódromo de Roubaix. É um evento único, onde para além de ter que se estar muito forte, é preciso ter alguma sorte para não ter nenhum infortúnio.
Percurso
A edição deste ano do Paris-Roubaix tem um total de 257 kms, sendo 55 kms de empedrado, divididos por 29 sectores.
Como é tradicional, o Paris-Roubaix deste ano começa com um longo troço de estrada asfaltada, serão 90 7kms para aquecer as pernas, que poderão ser importantes para as equipas que coloquem homens na fuga do dia. Praticamente ao km 100 surge o 1º troço de pavé, e é aqui que o ritmo vai começar a endurecer e a luta por posicionamento no pelotão vai ficar mais activa. Falamos do Troisvilles-Inchy. Os primeiros 9 troços de pavé apenas irão servir para uma eliminação progressiva dos ciclistas no pelotão, até porque a dureza dos mesmos não é incrível, apenas havendo o sector com 4 estrelas (Quievy, aos 107,5 kms), sendo a maioria de 3 estrelas.
A batalha entre os favoritos deverá começar no 10º sector, o Haveluy, que tem 4 estrelas na sua categorização, isto porque a Floresta de Arenberg surge apenas 8 kms depois do Haveluy, e é o troço mais icónico desta corrida, sendo que no final do mesmo o pelotão já vai estar bem fraccionado e uma queda ou um furo nesta altura será o fim da corrida para muitos. Setor de 5 estrelas com 2400 metros.
Após a primeira grande selecção, o ritmo costuma abrandar, permitindo reagrupamentos. Geralmente, nos próximos 7 sectores de empedrado não se decide muito, apenas um acumular de desgaste e uma batalha táctica, que leva ao decisivo sector de Mons-en-Pevele, outro com 5 estrelas de dificuldade e que está localizado a 48,5 kms da meta, sendo um dos mais longos da prova com 3 kms de extensão. Nesta altura, já um grupo muito restrito deve estar na frente.
Mas tudo indica que a corrida se decida nos últimos 30 kms com o Cysoing-Bourghelles e Bourghelles-Wannehain (4 estrelas e 1.3 kms e 3 estrelas e 1.1 kms, respectivamente, que estão a 26,5 kms da meta) e o Champhin-en-Pevele (4 estrelas e 1.8 kms a 19,5 kms do final), mas o desfecho da prova pode muito bem definir-se no Carrefour de l’Arbre, o 3º sector com 5 estrelas, que tem 2100 metros e que está a 16,5 kms da meta.
Após o Carrefour de l’Arbre apenas restam 3 sectores, mas que são menos complicados, o Gruson, que tem 2 estrelas e está a 14,5 kms do final, o Hem, que tem 2 estrelas e está a 8 kms da meta e por fim o sector de Roubaix, mesmo à entrada do velódromo, que é mais simbólico do que outra coisa, com apenas 1 estrela. A competição termina no velódromo de Roubaix, num espectáculo único, com os ciclistas a darem 1 volta e meia ao velódromo, sendo de consagração para muitos e de luta por lugares para outros.
Perfil da prova
Favoritos
O Inferno do Norte não se irá decidir somente na força e forma física, esta corrida tem sempre muita táctica envolvida e só aqueles mais perspicazes conseguem ter sucesso. Teremos mais uma batalha Quick-Step vs Sagan vs Avermaet, tal como no Tour de Flandres.
Greg van Avermaet não tem tido uma Primavera tão boa como no ano passado no entanto não costuma falhar nos principais objetivos. O campeão em título parte como um dos favoritos numa prova que não lhe assenta tão bem como o Tour de Flandres mas onde está sempre entre os melhores. Stefan Kung será fundamental e sabe-se da boa ponta final do campeão olímpico, capaz de bater qualquer um.
Philippe Gilbert tem apenas uma participação no Paris-Roubaix mas disse, desde o início de temporada, que este era o seu grande objetivo da temporada. Nas últimas provas trabalhou para os companheiros da Quick-Step e agora é a hora de receber em troca o esforço que fez. A experiência é fundamental para esta prova mas ao estar na equipa em que está não será um problema.
Outsiders
Peter Sagan em 6 participações só por 1 vez fechou no top 10. Isto deve-se a alguns factores, a sorte ou azar, a qualidade da equipa e ainda a vertente táctica, que é bem necessária aqui. Macej Bodnar, Marcus Burghardt e, principalmente, Daniel Oss parecem capazes de estar ao lado dele este ano, numa prova que assenta melhor aos gregários do que o Tour de Flandres. Está ferido do orgulho após as últimas declarações de Tom Boonen. Será Sagan capaz de conquistar o 2º Monumento?
Niki Terpstra é outra cartada muito forte a ser jogada pela Quick-Step, ele que já ganhou em Roubaix em 2014. Leva uma grande temporada de clássica, e após ter ganho o Tour de Flandres pode muito bem conseguir a dobradinha. Sabe que para ganhar tem que chegar isolado, como fez no domingo.
A terceira opção da Quick-Step é Zdenek Stybar. O campeão checo tem feito uma muito boa temporada de clássica finalizando sempre no top 10, no entanto é sempre o terceiro Quick-Step e ainda não teve a oportunidade de brilhar. Esta é a prova que melhor lhe assenta. Conta já com 2 segundos lugares e mais alguns postos no top 10. Tem uma ponta final razoável.
Possíveis surpresas
Aqui gostaríamos de dar destaque especial a Oliver Naesen. Muito forte em todas as clássicas, mas sempre perseguido pelo azar. Tem uma excelente ponta final. Outro ciclista muito azarado é Sep Vanmarcke, que em todas as provas que faz cai ou fura. Incrível o azar do ciclista da EF Education First, que tem sido um dos mais fortes nos momentos decisivos. Arnaud Demare é a grande esperança francesa, mas não será fácil estar na discussão, apesar desta prova lhe assentar melhor que o Tour de Flandres. Jasper Stuyven e John Degenkolb lideram a Trek. Se Stuyven é o ciclista mais regular da equipa, tendo estado no top 10 nas clássicas do empedrado, Degenkolb é talhado para esta prova e num dia muito bom pode estar na luta, como já o fez no passado. Geraint Thomas faz uma pequena incursão nas clássicas, ele que em tempos era um especialista e estava na luta por estas. Atenção, ainda, a Dylan van Baarle, Mads Pedersen, Matteo Trentin e o fantástico Wout van Aert.
Super-Jokers
Os nossos super-jokers são Mike Teunissen e Heinrich Haussler.
Tips do dia
Arnaud Demare a bater Alexander Kristoff -> odd 1,50
Zdenek Stybar a bater Yves Lampaert -> odd 1,60