Antevisão da Volta ao País Basco
Entre os dois Monumentos do empedrado, o ciclismo viaja até ao País Basco, para a Volta àquela região de Espanha, onde as duras subidas e o público fervoroso são a imagem de marca da competição.
Percurso
Esta prova é por tradição bem dura, o País Basco não é amigo dos sprinters e este ano não foge à regra. A Volta ao País Basco começa com 162 kms com partida e chegada a Zarautz e preparem-se para haver diferenças bem cedo. Tem um total de 4 contagens de montanha, 2 delas nos 30 kms finais. A subida de Aia tem 9.5 kms a 3.4%, mas os favoritos devem aparecer de forma mais proeminente em Elkano Gaina. Com 2400 metros a 9%, esta ascensão está somente a 7 kms da meta e a ela segue-se uma ingreme descida.
A 2ª etapa parece uma réplica da 1ª, a distância é parecida, há 4 contagens de montanha, 2 delas nos 40 kms finais e a última a 6.5 kms do final. Desta vez a dificuldade final é San Pelaio, com 3.4 kms a 8.3%, e mais uma vez segue-se uma descida até à meta.
O 3º dia é a única oportunidade de um sprint em massa, quase 187 kms onde as 3 contagens de montanha estão todas na fase inicial. Ainda assim, o terreno tem um sobe e desce constante que pode fazer algumas diferenças e é ideal para ataques dos puncheurs.
Segue-se o contra-relógio individual de 19400 metros com partida e chegada a Lodosa, com uma grande novidade, é totalmente plano. Tem zonas técnicas e grande rectas onde os motores mais potentes podem desenvolver.
A 5ª etapa, com partida de Vitoria Gazteiz e chegada a Eibar é também muito dura, faltando só a chegada ao alto. Após 90 kms calmos surge a 1ª de 3 grandes subidas, Elosua Gaina tem 8.1 kms a 6.9%, Endona Gaina tem 7 kms a 5.1% e, por fim, a 20 kms da meta, Azurki Gaina tem 5.5 kms a 7.6%. As subidas nesta região não costumam ser tão longas, portanto estas têm um perfil diferente. Os últimos 5 kms até Eibar têm um falso plano traiçoeiro.
A última etapa é daquelas bem explosivas e onde tudo se vai decidir. Com 122 kms, os organizadores conseguiram compactar nada mais, nada menos, que 8 contagens de montanha. Logo nos primeiros 40 kms temos Trabakua (3.2 kms a 5.2%), Gontzagaraigana (3.6 kms a 5.5%), Bizkaiko Begiratokia (4.7 kms a 4.8%) e Muniketa Gane (4 kms a 6.4%). Nenhuma destas subidas é extremamente dura, mas ajudará a formar uma fuga fortíssima. A meio da tirada temos Elgeta (4 kms a 6.8%), sendo que a corrida deve começar a decidir em Izua (4.7 kms a 8.8%), a 33 kms da meta. Antes da parte final ainda há a contagem de 3ª categoria de Urkaregi (5.9 kms a 4%), mas pode tudo guardar-se para Usartza (3.1 kms a 12.7%), uma autêntica parede que acaba a 2 kms da meta. O final em Arrate volta a ser a descer.
Favoritos
Numa prova tão dura, apenas um ciclista que suba bem vai conseguir estar na discussão da mesma. O contra-relógio será importante, mas como também é duro, os especialistas não vão ter tanta vantagem. Assim, todos os dias serão decisivos.
Mikel Landa já avisou que este é o seu primeiro objetivo da temporada. O basco foi 6º no Tirreno-Adriático e na Vuelta a Andaluzia, ganhando chegadas em alto em ambas as provas. É do conhecimento que já fez o reconhecimento das etapas pelo quer fazer uma excelente prova. Está numa equipa muito forte e com Nairo Quintana ao seu lado pode beneficiar.
Ora, Nairo Quintana pode ser o maior rival de Mikel Landa. O colombiano afirmou que não esperava grandes resultados nesta série de provas mas esteve excelente na Volta a Catalunha, estando ao ataque, e trabalhando para Valverde na etapa rainha, onde ainda foi 3º. Preferiria subidas mais longas mas Quintana também se dá bem nestas inclinações e quererá repetir o triunfo de 2013.
Outsiders
Este está a ser um ano de rejuvenescimento para Ion Izagirre. O basco está a voltar aos bons resultados e regressa a uma prova onde já foi feliz (com dois 3º lugares). Subiu muito bem no Paris-Nice e as dificuldades do País Basco assentam-lhe como uma luva. É dos melhores na luta contra o cronómetro e tem uma boa ponta final, podendo aproveitar as bonificações. Tem Gorka Izagirre e Vincenzo Nibali na equipa para o ajudar.
A AG2R também vem com 2 nomes importantes e pelos últimos resultados é complicado saber quem será o líder à partida. Mesmo assim, arriscamos com Pierre Latour, jovem francês que foi 3º na Volta a Catalunha, conseguindo o seu primeiro grande resultado a nível World Tour. É muito explosivo e, sendo o campeão francês de contra-relógio, ganhará tempo à concorrência nesse dia.
Bauke Mollema desiludiu imenso no Paris-Nice, tudo por culpa de uma virose. Regressou na semana passada, em Itália, onde ganhou uma etapa e finalizou no pódio. É um corredor muito regular e, se já estiver totalmente recuperado, pode ser um perigo, já que é muito completo e tem facilidade em conseguir bonificações numa start list destas.
Possíveis surpresas
Todo o percurso assenta que nem uma luva em Julian Alaphilippe e Michal Kwiatkowski, no entanto acreditamos que os dois ciclistas estarão presentes apenas para preparar as clássicas das Ardenas e tentar ganhar etapas. Caso contrário, são grandes favoritos a ganhar. Richie Porte está de regresso à competição, após uma paragem devido a doença, pelo que Damiano Caruso será o líder da equipa, ele que sobe bem e vem motivado pelo 2º lugar no Tirreno-Adirático. Primoz Roglic tanto pode estar nos primeiros lugares como andar longe da discussão pela vitória. Será o grande favorito no contra-relógio mas as subidas parecem um pouco duras para o esloveno que, apesar disso, te vindo a melhorar muito e não seria surpresa nenhuma vê-lo nos primeiros lugares. A Katusha chega com Ilnur Zakarin, que parece não estar em grande forma mas já apresenta melhorias, e Simon Spilak, um especialista de provas de uma semana. Ambos estiveram no GP Miguel Indurain e, aí foi Zakarin a demostrar melhor capacidade, ele que precisa urgentemente de um bom resultado. Como já referimos Gorka Izagirre e Romain Bardet são alternativas de qualidade dentro das respetivas equipas. Atenção a Michael Woods, corredor que adora subidas explosivas, Pavel Sivakov, David de la Cruz e Emanuel Buchmann. Rui Costa faz o regresso à competição após a queda no Paris-Nice.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Carlos Verona e Leopold Konig.
Tips do dia
Para a geral: Bauke Mollema a bater Ilnur Zakarin –> odd 1,725
Para a etapa 1: Carlos Verona a bater Jack Haig –> odd 1,445