Antevisão da Volta a Catalunha
Após a Milano-Sanremo, as provas por etapas estão de regresso ao calendário World Tour e a Volta a Catalunha é a paragem seguinte para as equipas. A primeira de duas provas por etapas em solo espanhol começa já amanhã e promete muito espectáculo, com várias chegadas em alto e grandes nomes do ciclismo presentes.
Percurso
A Volta a Catalunha começa com uma etapa relativamente simples, 152 kms com partida e chegada a Calella. A única dificuldade é uma contagem de 3ª categoria a 18 kms da meta, são 2.5 kms a 5%, o que não deverá meter medo aos sprinters.
A 2ª etapa tem um perfil relativamente semelhante, mas a última subida aparenta ter muito mais potencial para fazer diferenças, são 4.7 kms a 5.6%, somente a 10 kms do fim, o que não permite recuperar muito tempo.
A alta montanha entra de rompante, 4 contagens de 1ª categoria num só dia, o Coll de Bracons (5.3 kms a 7.2%), o Alt de Oix (4 kms a 9%), o Alt de Rocabruna (11.3 a 5.2%) e para finalizar a chegada a Vallter 2000, a 2141 metros de altitude. A subida tem 12.7 kms a 7.4%. É um dia com um desnível positivo incrível, onde os puros trepadores terão espaço para brilhar.
Continua a alta montanha na 4ª etapa, o principal atrativo é o Coll de la Creueta, que surge a 35 kms da meta e tem 17.5 kms a 5.5%. Depois os ciclistas fazem na descida uma primeira passagem por La Molina para entrarem na subida final até…La Molina. São 12.2 kms a 4.5%, que são mais duros do que as estatísticas aparentam, pois existe uma pequena descida já perto do final.
A 5ª etapa tem potencial para ser interessante, mais de 200 kms, uma contagem de categoria especial na 1ª metade (24.4 kms a 4.4%), uma contagem de 1ª categoria na 2ª metade (7.4 kms a 5.9%) e a 14 kms da meta há um falso plano que tem 11.8 kms a 4.6%, antes de uma descida vertiginosa para a meta.
A penúltima tirada pode ter vários desfechos, desde fuga a sprint, mas se os homens rápidos quiserem discutir a vitória têm de superar 3 contagens de 2ª categoria, a última delas a 70 kms da meta. Todas as subidas são longas, mas não muito duras.
Como já vem a ser hábito, a Volta a Catalunha termina em Barcelona, com um circuito em Montjuic. O dia em si é todo muito duro, começa com 2 contagens de 2ª categoria e depois vai para o circuito final em Montjuic, que tem 6.6 kms e inclui uma subida de 2 kms a 5.6%, a descida para a meta é muito rápida.
Favoritos
A corrida tem tudo para ser decidida nas 2 chegadas em alto, mas a última etapa no circuito de Barcelona e a 5ª etapa não podem ser descuradas. Em 2017 vimos Valverde ganhar esta prova de uma forma imponente, com mais de 1 minuto de avanço. Valverde está aqui para tentar revalidar o título e como a corrida vai decorrer dependerá muito da Movistar.
Alejandro Valverde tem de estar nesta categoria, parece que tudo o que toca se transforma em ouro. Vencedor da Volta à Comunidade Valenciana e do Abu Dhabi Tour este ano após o seu incrível regresso, vai querer repetir o triunfo do ano passado. Mais que 1 vitória em etapa é mais que provável.
Está aqui Alejandro Valverde, mas também Nairo Quintana. E Quintana estreia-se na Europa com vontade de mostrar serviço, para se certificar que fica no topo da hierarquia da Movistar. É que com 3 galos para o mesmo poleiro, estas provas ganham outra importância. A falta de ritmo não será grande problema e beneficia imenso de não haver nenhum tipo de contra-relógio.
Outsiders
Egan Bernal começou a temporada em grande, ao ser 6º no Tour Down Under e ganhar a Colombia Oro Y Paz. É verdade que tem Sergio Henao na Team Sky, mas Bernal deverá ter total liberdade para fazer a sua corrida, é que etapas com acumulados enormes é com ele e pode ter alguma liberdade dentro do pelotão.
Adam Yates mostrou-se muito forte nas competições onde participou, na Volta à Comunidade Valenciana foi o que esteve mais próximo de bater Valverde na chegada em alto e no Tirreno-Adriatico ganhou 1 etapa com uma autoridade enorme. A Mitchelton tem muitas cartas para jogar, mas deve ser em Adam Yates que aposta todas as suas fichas, mesmo tendo Esteban Chaves, Simon Yates e Jack Haig.
Thibaut Pinot faz aqui a sua estreia este ano a nível World Tour e pode andar muito bem, mas é sempre uma pequena incógnita nesta fase da época. No entanto, tendo em conta que o Giro é o seu primeiro grande objetivo da temporada pensamos que o francês vai andar bem, ele que pouco competiu em 2018, mas quando o fez esteve bem.
Possíveis surpresas
Já falamos neles, mas as segundas linhas dentro das equipas podem ter alguma influência se o jogo táctico aparecer, falamos de Simon Yates e Esteban Chaves (o que aconteceu no Paris-Nice pode ter sido somente um dia mau) na Mitchelton-Scott, de Marc Soler (recente vencedor do Paris-Nice) na Movistar e ainda de Sergio Henao (não deu grandes sinais no Paris-Nice) na Team Sky. A Team LottoNL-Jumbo tem 2 cartas para jogar, Steven Kruijswijk e o incrível e regular George Bennett, ambos bons trepadores. O mesmo se aplica à UAE Team Emirates, que vem com 2 ciclistas que desiludiram um pouco até agora em 2017, Daniel Martin e Fabio Aru. Tejay van Garderen e Bob Jungels lideram a BMC e a Quick-Step Floors, respectivamente, mas ambos gostariam que houvesse contra-relógio. Muita atenção ainda aos jovens Davide Formolo na Bora-Hansgrohe e Pierre Latour na Ag2r La Mondiale.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Michael Woods e David Gaudu.
Tips do dia
Para a geral: Michael Woods a bater Sergio Henao -> odd 1,725
Para a etapa 1: Enrique Sanz a bater Michael Carbel -> odd 1,83