O Mundial de Lisboa! Ainda se lembra como foi, onde foi e quem ganhou?
Portugal estava numa situação bem diferente em 2001. O país estava na moda e numa fase aparente de prosperidade, alavancada pela EXPO 98, altura em que foram feitas as candidaturas a grandes eventos. A par dos Campeonatos do Mundo de Ciclismo, em 2001 também foram realizados os Campeonatos do Mundo de Atletismo de Pista Coberta em Lisboa. O ciclismo luso estava em alta, Vítor Gamito tinha ganho a Volta a Portugal em 2000 e em 2001 o vencedor foi Fabian Jeker. A Volta a Portugal era disputada por equipas de renome, como a iBanesto, a Festina, a Kelme ou a ONCE, numa competitividade incrível. As equipas portuguesas iam fazer provas ao estrangeiro com excelentes resultados.
Em Outubro de 2001, de 9 a 14, a capital portuguesa, Lisboa, recebeu os únicos Campeonatos Mundiais de ciclismo de Estrada que Portugal organizou até agora. A organização escolheu o Parque Florestal de Monsanto como o palco para a realização das provas. A base foi um circuito com cerca de 12 quilómetros, onde estavam 2 colinas, o Alto da Serafina, com 500 metros 6,4% e a subia de Montes Claros, a mais complicada do percurso, com 1600 metros a 7,4%.
Dia 9 foi jornada de contra-relógios, 11,8 kms para as juniores femininas e 33,7 kms para os sub-23 masculinos. No lado feminino foi Nicole Cooke a vencer, enquanto nos rapazes foi Danny Pate a conquistar o título mundial, à frente de Sebastian Lang e James Perry.
Nesse dia Yaroslav Popovych foi 4º e Sérgio Paulinho 5º, com Hernâni Broco em 14º.
Os juniores masculinos fizeram um circuito maior, de 19200 metros, com Jurgen van den Broeck a superar Oleksandr Kvachuk e Niels Scheuneman por menos de 1 segundo. Filipe Cardoso foi 28º e António Jesus 32º.
Nas elites femininas, a eterna Jeannie Longo derrotou Nicole Brandli, também por menos de 1 segundo.
O campeão do Mundo nos elites masculinos, num percurso de quase 40 quilómetros foi Jan Ullrich, 6 segundos à frente de David Millar e 11 segundos à frente de Santiago Botero. Joaquim Andrade foi 28º e Joaquim Gomes 32º.
Passando para as provas de estrada, Nicole Cooke fez a dobradinha nas juniores femininas e Oleksandr Kvachuk ganhou nos juniores masculinos, numa prova em que António Jesus foi o melhor português em 30º.
Nas elites femininas o domínio foi lituano no percurso de 121 kms, Rasa Polikeviciute bateu a compatriota Edita Pucinskaite e a francesa Jeannie Longo num sprint a 3.
Na prova de sub-23 masculinos e num traçado com 14 voltas ao circuito, Yaroslav Popovych superou a concorrência com um ataque de longe, Sérgio Paulinho foi o melhor português em 23º.
Por fim, a prova principal, os elites masculinos tiveram de cumprir 21 voltas ao circuito, num total de 254 quilómetros. Foram mais de 6 horas a uma média superior a 40 km/h, e apesar de muitas fugas, a prova acabou num sprint de 50 corredores, onde Oscar Freire conquistou, na altura, o seu 2º de 3 títulos mundiais, à frente de Paolo Bettini e de Andrej Hauptman. A Alemanha, que tanto trabalhou, via Erik Zabel ser somente 5º. Quanto aos portugueses, só 4 participaram, mas todos concluíram a prova, Nuno Alves foi 64º, Rui Lavarinhas 63º, Gonçalo Amorim foi 37º e Rui Sousa finalizou em 24º. Link para verem o final da prova de estrada de seniores masculinos aqui: https://www.youtube.com/watch?v=zl2KT8JjELY
Este texto é escrito por alguém para o qual o Mundial de Lisboa foi de certa forma marcante. Como jovem de 22 anos, na altura com 7 anos, é a minha primeira memória relacionada com ciclismo, visto que o meu pai me levou a ver o evento no Domingo. Ficámos numa passagem aérea localizada dentro do quilómetro final e foi especial sentir todo aquele ambiente, tanto que até este dia me consigo lembrar desse momento. Sabemos que alguns dos nossos leitores na altura ainda me sequer eram nascidos, esperamos que este artigo sirva para terem alguma noção de como foi o Campeonato do Mundo de Ciclismo em Lisboa, bem como reavivar a memória àqueles que foram assistir às provas.