Antevisão da Volta a Polónia
As provas World Tour continuam em solo europeu, agora com a Volta a Polónia, prova que serve de preparação para a Vuelta e que conta com 4 portugueses.
Percurso
Os perfis desta prova enganam muito e a 1ª etapa é prova disso, à primeira vista é uma jornada de média montanha, mas na verdade trata-se de uma chegada ao sprint, com final num circuito de 4 quilómetros a ser feito por 3 vezes na cidade de Cracóvia e a etapa só tem 2 contagens de 4ª categoria pelo meio.
A chegada a Katowice é um dos clássicos e, apesar do perfil parece ondulado, na verdade não o é, pois os ciclistas andarão sempre entre os 240 e os 320 metros de altitude. O final é novamente em circuito, desta vez de 18 quilómetros, e o vencedor aqui no ano passado foi Fernando Gaviria.
Ao 3º dia surge a primeira oportunidade para fazer algumas diferenças, nesta jornada de 161 quilómetros, com chegada a Szczyrk. São 4 contagens de 1ª categoria pelo meio e um final bem complicado, com o último quilómetro a ter 11%.
Uma verdadeira maratona de 238 kms com final em Zabrze e apenas com uma contagem de 4ª categoria no menu, deve dar aos sprinters outra oportunidade para brilharem. Será mais um final muito rápido, com uma recta de 900 metros.
A 5ª tirada é uma jornada de média montanha explosiva, com somente 130 quilómetros. Pela nossa leitura, não será tão dura como é no papel, com 1 contagem de 3ª categoria e 3 contagens de 2ª categoria. As subidas são curtas e duras, mas não deverão fazer grandes diferenças. Veremos se os 11 quilómetros da última ascensão até á meta permitem algum reagrupamento.
Começa a fase decisiva desta Volta a Polónia, com a chegada à estância de esqui de Zakopane. Globalmente será um dia muito duro (um dos mais duros do calendário), com muito acumulado, fruto das 5 contagens de 1ª categoria, que vai dar para fazer diferenças. O final é num falso plano, com 2 kms a 2%.
Apesar das 7 contagens de montanha que esta tirada final apresenta, não a achamos com tanto potencial de destruição como a anterior. É um carrossel autêntico de 132 quilómetros que deve dar muito espectáculo. São 2810 metros de acumulado e a subida final para Bukovina não é fácil, tem um quilómetro a 8% e rampas de 11.5%.
Favoritos
Este é talvez o alinhamento mais forte de sempre na Volta a Polónia, com conjunto de estrelas que estão na ressaca do Tour ou a preparar a Vuelta e querem testar a condição física. Sem contra-relógio, é uma prova para trepadores e ciclistas ofensivos.
Adam Yates vem aqui com intuito de preparar a Vuelta e o percurso é perfeito para ele. Tem o importante apoio de Jack Haig, Robert Power e Ruben Plaza e possui a vantagem de termos algum ritmo competitivo, fruto de ter feito a Clássica Ordizia há uns dias. Não se deixem enganar por esse resultado, o britânico atacou na subida, distanciou-se de todos e só foi apanhado na descida.
O estado físico de Rafal Majka é uma pequena incógnita depois da queda que o fez abandonar o Tour, mas acreditamos que o polaco vai andar muito bem. Está em casa e vai dar tudo, além de que as lesões que sofreu foram superficiais, sem fractura e antes do Tour estava com pernas e a andar muito bem.
Outsiders
Rui Costa tem estado a preparar a Vuelta e costuma apresentar muito bem nesta fase da temporada. O português, em provas com menos de 10 dias este ano já fez 5º na Vuelta de San Juan, 2º no Tour of Oman, 1º no Abu Dhabi Tour e 5º na Volta a Suíça. O percurso parece perfeito para ele, com espaço para fazer diferenças, mas não duro demais, ideal para um classicómano.
A Katusha tem 2 opções, mas julgamos que Ilnur Zakarin será o escolhido, o russo está a ter talvez a melhor temporada de sempre e está focado em preparar a Vuelta. Ainda por cima a formação tem Simon Spilak para jogar também na classificação geral e ciclistas muito fortes no apoio, como José Gonçalves, Matvey Mamykin e Pavel Kochetkov.
Domenico Pozzovivo tem de ser tido em conta, ele que está a tentar a dobradinha Giro-Vuelta, que fez com sucesso em 2013, quando foi 7º aqui. É muito consistente e conta com o apoio de Hubert Dupont e Matteo Montaguti aqui.
Possíveis surpresas
Esta lista de participantes é muito aberta e o percurso pode dar azo a surpresas. Começando pela equipa da casa, a CCC vem com Jan Hirt, grande revelação do Giro e que quer representar bem a formação polaca. Não julgamos que Vincenzo Nibali se apresente a 100% aqui, como já é hábito dele, deve guardar a pólvora toda para a Vuelta. Wout Poels deve ser o principal ciclista da Team Sky e só pode estar contente com este percurso, uma Team Sky que também conta com Diego Rosa, outra boa opção. Tradicionalmente Davide Formolo é dos que se dá melhor com esta competição, ora veremos, 16º em 2014, 9º em 2015 e 4º em 2016, pretende ir ao pódio desta vez. Na Sunweb tanto Wilco Kelderman como Sam Oomen podem ser opções, o duo holandês está a evoluir muito bem dentro da equipa. Bob Jungels é a aposta na Quick-Step para fazer top 10. A BMC tem um Dylan Teuns em grande forma e Samuel Sanchez e Tejay van Garderen a pensar na Vuelta e Ruben Guerreiro terá oportunidade de liderar a Trek-Segafredo, poderemos ver 2 portugueses no top 10.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Laurens de Plus e Rafael Valls.