Porque é que o maior prejudicado da mudança de líder é Landa?
A 14ª etapa do Tour viu uma alteração no topo da classificação geral, Chris Froome reconquistou a liderança, beneficiando de uma terrível colocação de Fábio Aru na entrada para Rodez. As imagens permitem ver que o italiano esteve na cauda do grupo muito tempo e quando o mesmo estirou era já tarde demais.
Mais uma demonstração cabal que o ciclismo é um desporto colectivo e que a equipa ganha corridas, dentro dos 10 quilómetros finais Chris Froome esteve sempre próximo da frente, guiado por um ex-campeão do Mundo e especialista em clássicas, Michal Kwiatkowski, e mesmo antes esteve rodeado de colegas. Aru supostamente devia ter sido guiado por Michael Valgren, um excelente rolador, mas o dinamarquês disse que se perderem 4 ou 5 vezes, e referiu no final da etapa que não sabia se a culpa tinha sido dele ou de Aru, sendo que o italiano não é propriamente conhecido por boas colocações e conseguir seguir na roda dos companheiros em finais confusos.
Claro que nenhum ciclista gosta a lutar por classificações gerais gosta de perder tempo, principalmente para Chris Froome quando ainda falta um contra-relógio, mas esta descida ao 2º lugar pode até beneficiar Aru em alguns aspectos. Como já se viu, a Astana não tem equipa para controlar este Tour na montanha (ainda mais agora sem Fuglsang e Cataldo) e Aru agora pode concentrar-se somente em ganhar tempo a Froome, com a Team Sky a ter a obrigação de controlar a corrida, o italiano não será atacado por todos os lados e não tem de responder a todos os rivais. Obviamente teria sido muito melhor perder a camisola só por 1 ou 2 segundos e não por 18, mas ao menos agora tem mais opções.
O provável é vermos, nas próximas etapas de alta montanha, o comboio da Team Sky em acção, algo que não vimos enquanto Aru liderava. Isso quer dizer que quem perde liberdade é Mikel Landa e a formação britânica apenas irá defender a posição de Chris Froome, fechando a corrida a sete chaves, para Froome selar no contra-relógio de Marselha. Estando Aru na liderança, Landa quase que tinha uma desculpa para atacar, mesmo indo contra possíveis ordens de equipa, ficando Froome a marcar o corredor da Astana. Sendo assim, nada feito, ou Froome tem uma quebra enorme e Landa passa a ser a aposta ou então o espanhol vai desafiar e bem as ordens da equipa.
Não enganemos ninguém, o clima na Team Sky não é o melhor, foi um erro a equipa, que está visivelmente focada em Chris Froome, trazer um trepador desta qualidade enorme que não está comprometido com o objectivo e o projecto. Ainda por cima alguém que irá mudar de ares para o próximo ano. Não estará também Dave Brailsford fragilizado dentro da estrutura?
O que se passou na etapa 13 é que, se Froome e Kwiatkowski não têm perseguido o seu colega, Landa provavelmente estaria de amarelo e Froome de mãos atadas. Voltemos a não enganar ninguém, Kwiatkowski não quebrou quando estava na fuga, foi chamado pelo carro da equipa para ajudar o britânico, tanto que teve mais que capacidade para ajudar e reduzir tempo cá atrás. No meio disto tudo quem pode decidir a corrida é Alberto Contador, dependendo de quem seguir os seus ataques semi-kamikazes.