Antevisão da 9ª etapa do Tour

Camisola Amarela
8 de jul. de 2017
3 min de leitura

Continua a viagem no Jura, com aquela que será talvez a etapa mais dura do Tour, onde persiste a dúvida, irão os ciclistas da classificação geral mexer na corrida?

Percurso

A ligação entre Nantua e Chambery é das que tem maior desnível positivo neste Tour, 181,5 kms verdadeiramente terríveis. 7 contagens de montanha, 3 delas de categoria especial. O dia não começa de forma agradável, 11 kms sempre s subir que incluem uma 2ª categoria e uma 3ª categoria, que quase fazem uma 1ª categoria. Seguem-se 35 kms de descida interrompidos a meio por outra 3ª categoria, antes de entrar na 1ª categoria especial.

O Col de la Biche tem 10,5 kms a 9%, um monstro, em que somente 3,5 kms são abaixo dos 9%. Em rápida sucessão temos logo de seguida o Grand Colombier, 8,5 kms a 9,9%, com uma ligeira plataforma de descanso a meio. Mesmo antes dessa plataforma há 3 kms a 13%! Depois de uma longa descida, uma fase plana e uma contagem de 4ª categoria aparece o último monstro do dia, o Mont du Chat tem 8,7 kms a 10,3%, é raro entrar uma subida destas com mais de 10% de inclinação média. Para colocar em perspectiva tem rampas de 15% e o único quilómetro a menos de 9% é o primeiro. O Mont du Chat está a 26 kms da meta e a respectiva descida acaba a 13 kms da meta, sendo este intervalo até ao final plano. Atenção que já dentro do último quilómetro há 2 viragens apertadas que podem apanhar desprevenidos os menos cuidadosos.

Favoritos

Se a etapa de hoje era claramente para a fuga, a de amanhã tem muito mais potencial para mexidas na classificação geral, muito pela dureza das subidas. Os cerca de 50 kms planos entre o Grand Colombier e o Mont du Chat podem inibir alguns dos homens da geral de atacar, portanto, se obtivermos a mistura certa na fuga, e esta chegar com boa vantagem ao Mont du Chat, a vitória pode de novo surgir da fuga.

Um desses homens que pode fazer parte da mistura é Pierre Rolland, alguém que se poupou nos primeiros dias do Tour, que mostrou não estar muito afectado pelo Giro na Route du Sud e que hoje não se desgastou de sobremaneira, chegando integrado no grupo principal, indo à boleia da Team Sky.

Fabio Aru pareceu-nos de novo extremamente fácil em cima da bicicleta, com pedalada confortável e com vontade de atacar. Jakob Fuglsang e Dario Cataldo serão os maiores aliados, mas mesmo Michael Valgren e Alexey Lutsenko estão fortes. A táctica da Astana passa por colocar homens na frente e deixar a Team Sky desgastar os seus gregários.

Outsiders

Tiesj Benoot é outro nome que hoje ganhou liberdade. Está em grande forma e a trepar como nunca, como demonstra o 12º posto no Criterium du Dauphine. O jovem belga ainda está a procurar a 1ª vitória como profissional, e que bonito seria conquistá-la aqui.

Alexis Vuillermoz tentou por várias ocasiões entrar na fuga do dia hoje, mas acabou por falhar o movimento onde estaria o vencedor da etapa. O francês tem liberdade para entrar em fugas e está a subir como há algum tempo não víamos. É da região do Jura e está motivado.

Chris Froome não parece estar a trepar tão bem como em outros anos, mas o britânico tem também outras armas, e a descida do Mont du Chat pode ser uma delas, até porque os 13 kms de terreno plano até à meta não assustam um corredor que é exímio no contra-relógio.

Possíveis surpresas

Em caso dos homens da classificação geral discutirem a etapa veremos o que Richie Porte pode fazer na subida do Mont du Chat, o que Romain Bardet pode fazer na descida técnica deste mesmo Mont du Chat, ou o que Daniel Martin pode fazer caso chegue um grupo reduzido ao final, pois o irlandês tem uma boa ponta final. Cuidado ainda com Simon Yates, que está ofensivo e que não tem sido marcado de perto. Em relação a ciclistas para a fuga destacamos Primoz Roglic, que também tentou hoje e depois poupou-se, Robert Kiserlovski, que tem liberdade total dentro da Katusha, Damien Howson, que tem evoluído muito na alta montanha, John Darwin Atapuma, Nicolas Edet e Laurens Ten Dam.