Antevisão da 16ª etapa do Giro

Para muitos, a etapa rainha do Giro d’Itália será disputada amanhã. Com 3 subidas duríssimas, o dia de amanhã tem todos os ingredientes para ser espectacular e será a primeira grande oportunidade para os puros trepadores testarem Tom Dumoulin na alta montanha.

Percurso

A semana final do Giro começa com uma maratona de 222 quilómetros entre Rovetta e Bormio. Os primeiros 60 kms são planos, ideais para se formar a fuga do dia, entrando-se, depois, numa sequência terrível. Tudo começa com o Mortirolo (12,8 kms a 7,6%), mas onde os 2,5 kms finais são a 9,6%, sendo antecedidos por uma fase de plano. Segue-se uma descida de 14 kms, até os ciclistas cruzarem a linha de meta pela primeira vez quando faltarem 100 kms para o fim.

Os 99,6 kms finais são os mais duros, e contêm duas passagens pelo Stelvio, mas por vertentes diferentes. A primeira são 21700 metros a 7,1%, sendo este o Cima Coppi, ou seja o ponto mais alto da Volta a Itália deste ano. Uma descida bastante técnica de quase 20 kms leva os ciclistas a uma pequena fase de plano que antecede nova passagem pelo Stelvio, sendo esta vertente conhecida por Umbrail Pass (13.4 kms a 8,4%). A curiosidade desta subida é de ser feita pela Suíça. A descida de 21 kms já é feita em território transalpino, antes do último quilómetro que é plano.

Favoritos

Esta etapa é muito esperada por todos. As equipas dos trepadores vão ter que endurecer a tirada logo desde o início, de forma a expor as fragilidades da Team Sunweb de Tom Dumoulin. A fuga tem hipóteses de chegar (cerca de 30-35%), mas pensamos que serão os favoritos a discutir o triunfo.

Neste cenário, Nairo Quintana é o grande favorito. O colombiano pode ter perdido tempo em Oropa, no entanto essa subida não se adaptava às suas características. Já as subidas de amanhã são bastantes regulares e sobe-se até a uma elevada altitude, sendo estas parecidas com o Blockhaus. Assim, poucos ou ninguém conseguirá seguir Quintana na última passagem pelo Stelvio.

Mikel Landa será um dos jokers desta etapa. O espanhol está já fora da geral e pode tentar entrar na fuga do dia, no entanto, numa etapa destas, achamos que irá permanecer no grupo dos favoritos. Tem vindo em crescendo de forma, esteve com os melhores em Oropa, e sempre disse que o seu grande pico seria a terceira semana. Terá alguma liberdade e será dos poucos a seguir Quintana.

Outsiders

O russo Ilnur Zakarin parece ter atingido no seu pico de forma na altura certa. Finalmente está a seguir os melhores, como mostrou em Oropa, e gosta de um dia duro em cima da bicicleta. Ainda quer atingir o pódio, pelo que tem que seguir os melhores. Se chegar num pequeno grupo, tem uma boa ponta final.

Vincenzo Nibali é dos ciclistas que anda melhor nas terceiras semanas. Até agora, tem sido uma pequena desilusão, perdendo tempo nas chegadas em alto, no entanto ainda não podemos descartar o Tubarão de Messina. Tentará atacar nas descidas, e ganhar tempo aí.

Em Oropa, Thibaut Pinot foi uma pequena desilusão mas meteu o seu ritmo e foi recuperando aos poucos, acabando por perder pouco tempo. Já mostrou que consegue seguir Quintana quando este ataca, pelo que o tentará amanhã. Parece já ter perdido o medo das descidas e, no final, num pequeno grupo, tem uma boa ponta final.

Possíveis surpresas

Até agora, Tom Dumoulin tem estado exemplar, no entanto ainda não teve pela frente uma etapa diabólica como esta. Amanhã, o camisola rosa correrá na defensiva e tentará perder pouco tempo para os da frente e como ainda não o vimos o que pode fazer numa etapa destas, colocamo-lo nesta categoria. Chegou a semana preferida de Steven Kruijswijk, aquela onde costuma andar muito bem, seguindo os melhores. A etapa de amanhã é perfeita, com subidas longas e regulares e se mostrar um melhoramento de forma, poderá vencer. Adam Yates viu a Orica trabalhar na etapa 15 mas não conseguiu vencer. Ainda procura a camisola branca, pelo que no dia de amanhã terá que ganhar bastante tempo a Bob Jungels, algo que nos parece possível. Dois nomes que estarão, com toda a certeza na fuga, são Pierre Rolland e Omar Fraile, ciclistas que lutam pela montanha, e estão em grande forma, sendo que o primeiro já começa a merecer uma vitória em etapa. Para a fuga, destacamos, ainda, Jan Hirt, Sebastian Reichenbach, Laurens de Plus, o campeão nacional José Mendes, Alexander Foliforov e Igor Anton.

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Jan Polanc e Carlos Verona.