Antevisão da 11ª etapa do Giro
A seguir ao contra-relógio individual que causou diferenças enormes na classificação geral, surge agora uma etapa onde uma fuga pode voltar a ter existo, já que o terreno não é o melhor para perseguir. No entanto, se quiserem começar a destronar Dumoulin, o ritmo terá que ser infernal o dia todo.
Percurso
Esta é uma etapa muito interessante, de média/alta montanha, relativamente curta e situada a meio do Giro, após uma tirada que revolucionou a classificação geral. Os primeiros 15 quilómetros são planos, até à primeira subida do dia, o Passo Della Consuma (16,7 kms a 5,8%), esta pode ser uma subida que decide o desfecho da etapa. A partir daí é a subir ou a descer, o Passo Della Calla tem cerca de 17 kms a 4,8% e a penúltima ascensão é o Passo del Carnaio, com 11,5 kms a 4,5%, mas com rampas de 11%.
Após uma curta descida surge a última dificuldade do dia, o Monte Fumaiolo, tremendamente longa (23 kms), com apenas 3,7%. Estas inclinações médias são algo enganadoras, pois há várias fases de descanso e os últimos 3 kms são a 8,6%. O cume está a 25 kms da meta e essa parte é constituída por uma longa descida, até aos 3 kms finais, que são em muito ligeira subida.
Favoritos
Amanhã tem potencial para ser um daqueles dias absolutamente loucos, ou isso ou uma etapa relativamente aborrecida. Passemos a explicar, com a diferença que Tom Dumoulin tem para os demais (realisticamente é 3 a 4 minutos) pode haver algumas alianças para isolar o holandês. Isto porque as etapas 12, 13 e 15 e 21 podemos descartar para fazer diferenças, só havendo 7 oportunidades incluindo esta, e porque a Sunweb está muito enfraquecida, não só pelo abandono de Wilco Kelderman, como também Simon Geschke está doente. Claro que estamos a falar num cenário ideal para o espectáculo, também pode acontecer simplesmente o pelotão deixar a fuga ir, se não tiver perigos para a classificação geral. Tendo em conta que a próxima chegada ao alto é somente no Sábado, pode não haver poupanças de energia.
Procurando jogar um pouco na lotaria, pensamos que amanhã pode ser o dia de glória de Luis Leon Sanchez. O espanhol esteve extremamente activo nos últimos dias, esteve perto da vitória em etapa em Peschici e este 4º posto no contra-relógio é mais um indicativo da grande forma do espanhol. Está a mais de 40 minutos e tem liberdade total.
Ben Hermans é um daqueles ciclistas que pode beneficiar de vários cenários, tanto pode integrar a fuga para tentar atacar o top 10, como pode esperar para ver o que acontece e beneficiar de um sprint em pelotão reduzido, tem uma boa ponta final. Está a uma boa diferença, quase 10 minutos, e agora sem Tejay van Garderen na luta pela geral tem mais liberdade.
Outsiders
Se Rui Costa veio realmente à caça de etapas, esta é das que lhe assenta melhor, as subidas não são muito inclinadas, há uma vertente táctica inerente e o português tem uma boa final. Hoje foi enigmático ao fazer o rescaldo, dizendo que tinha os olhos na tirada de amanhã, é quase certo que estará ao ataque. Os 8 minutos de atraso dar-lhe-ão alguma liberdade.
Se há equipa que já nos habituou a golpes tácticos é a Orica-Scott. Continua a dizer que Adam Yates está em grande forma, com o britânico a 7 minutos da liderança a formação australiana tentará um remontada, provavelmente lançando Ruben Plaza ou Carlos Verona para a fuga, fazendo Adam Yates depois a ponte. Adam já provou várias vezes que não tem medo de atacar de longe.
A incrível prestação de Omar Fraile no Tour of Yorkshire indica que ele estava em grande forma à entrada do Giro. Ainda não fez nada aqui, e como a condição física não pode ter desaparecido assim, estamos com muita expectativa em ver o que o espanhol poderá fazer. Não tem líder para a classificação geral na Dimension Data e tem mais que liberdade para fazer a sua corrida.
Possíveis surpresas
A Team Sky poderá tentar fazer das suas para que Geraint Thomas volte à luta pelo pódio, caso o plano para o galês não resulte na perfeição, cuidado com Diego Rosa e Sebastian Henao para a etapa. Esta é outra boa chance para José Mendes, com liberdade total, o português mostrou que está bem com a excelente subida que fez no Blockhaus. Enrico Battaglin é outro nome a ter em conta, trepador competente e tem uma boa ponta final, tal como Giovanni Visconti. Homens que querem estar na luta pela classificação da montanha devem estar na frente, caso de Pierre Rolland, e o seu companheiro Michael Woods já algumas vezes falhou a vitória em etapa por pouco, tem aqui outra chance. Entre os favoritos, aquele com melhor ponta final será talvez Thibaut Pinot. Pensamos que a Astana, tendo Tanel Kangert perto da frente, poderá mexer com Dario Cataldo, um ciclista ofensivo, que quer o top 10. Veremos se é a primeira vez que vemos alguns bons trepadores afundados na classificação, casos como Dries Devenyns, Joe Dombrowski, Matvey Mamykin, Matteo Busato ou Sergey Firsanov.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são Dylan Teuns e Jan Hirt.