Antevisão da Volta a Romandia
Com o fim das clássicas das Ardenas, o pelotão internacional vira as suas atenções para o Tour de Romandie, prova que serve como um teste ao candidatos das grandes voltas. Apesar de estar perto do Giro, a prova suíça tem os principais candidatos ao Tour que têm aqui a última oportunidade para se mostrar antes da pausa características destes no mês de Maio. O percurso é bastante equilibrado o que deve favorecer todo o tipo de ciclistas a poder levantar os braços.
Percurso
Para a 71ª edição da competição suíça temos um traçado duro, mas equilibrado, que dá oportunidades a todos para brilhar. A montanha não é excessivamente dura, podemos ver alguns especialistas em contra-relógio a tentar minimizar perdas para depois aproveitar no último dia.
A Volta a Romandia tem início com um prólogo de 5 quilómetros na cidade de Aigle, onde se localiza o quartel-general da UCI. Deve dar oportunidade a especialistas em contra-relógio e sprinters de brilhar, ainda para mais um falso plano a meio.
A montanha marca presença logo na 1ª etapa em linha. A meio da tirada há uma dura subida com 8,9 kms a 6,3% e ainda antes da ascensão final temos a 3ª categoria de La Rasse, com 2 kms a 10%. Para terminar temos a montanha de Champery, longa, por fases, e com descansos pelo meio, tem 14,5 kms a 4,2%. Os últimos metros são praticamente planos.
Os sprinters terão uma chance no dia seguinte, apenas 2 contagens de montanha, a primeira com 7 kms a 5% e a segunda com 3,9 kms a 6,4%. A chegada a Bulle é em ligeira subida e pode abrir perspectivas para ataques perto do final.
A 3ª etapa tem partida e chegada a Payerne, um percurso com 4 contagens de 3ª categoria, a última delas a 28 kms do final, com sobe e desce constante e que deve permitir a sprinters que passam bem a montanha de discutir a etapa.
A tirada mais dura vem no penúltimo dia, alta montanha até dizer chega. São somente 164 quilómetros, mas logo a meio tem o JaunPass (6,6 kms a 7,5%), depois vem o Saanenmoser (6,9 kms a 4,8%) e ainda o Col du Pillon (7 kms a 5,4%). A chegada em alto é em Leysin, que tem 5,4 kms a 6,5%, uma subida com a fase inicial bem dura e uma fase final mais fácil.
O palco de todas as decisões será Lausanne, local com vai decorrer o contra-relógio final. Tem 19 quilómetros, os primeiros 7,5 kms são quase totalmente a subir, em algumas fases entre 6% e 8%. Segue-se uma longa descida, para ciclistas possantes e ainda 4 kms planos que levam os corredores até à meta. É um percurso parecido ao contra-relógio de 2015, ganho por Ilnur Zakarin.
Favoritos
Com um percurso tão equilibrado, o vencedor desta prova tem que ser um ciclista que ande bem na montanha e esteja entre os melhores no esforço individual.
Em todas as provas com este perfil, Chris Froome tem que ser o grande candidato. O britânico já não corre desde a Volta a Catalunha, onde se apresentou ao nível habitual para aquela fase da época. Nas últimas 4 edições, venceu sempre etapas, tendo ganho a geral em 2013 e 2014 e sido 3º em 2015. Dificilmente perderá tempo nas subidas e o contra-relógio terá um papel fundamental nas aspirações do britânico.
Se há ciclista que pode bater Froome é o seu antigo companheiro Richie Porte. Este já não corre desde o Paris-Nice e tem aqui uma prova importante para testar a sua condição física. Nunca fez melhor que o 4º posto mas este ano deve melhorá-lo. Tal como referimos para Froome, as chegadas em alto não são duras o suficiente para fazer grandes diferenças e terá de ser no contra-relógio, onde o ciclista da BMC é um dos favoritos, que vai ter que ganhar tempo.
Outsiders
Ion Izagirre vem de uma grande semana das Ardenas, fazendo top 10 em duas das clássicas. Ao ter um contra-relógio acidentado, o basco da Bahrain-Merida torna-se, inevitavelmente um dos candidatos à vitória, já que é dos melhores do mundo neste tipo de terreno. Foi 7º no Paris-Nice e 3º no País Basco e se há ciclista capaz de conseguir derrotar os nomes referidos em cima é Izagirre.
Outro ciclista que está a ter uma grande primeira parte da temporada é Primoz Roglic. Ganhou no Algarve, foi 4º no Tirreno-Adriatico e 5º no País Basco, tendo ganho etapas em todas as provas. Mostrou nas provas World Tour que ainda não consegue seguir os melhores na montanha, mas como aqui são menos duras, o esloveno pode estar na discussão, pois se o deixarem perto no contra-relógio, ele já provou o que consegue fazer.
Simon Spilak é o “Sr.Romandia”, tendo já ganho esta prova em 2010, feito 2º entre 2013 e 2015. No ano passado, num ano mais fraco, foi 7º, o que mostra o potencial do esloveno neste tipo de provas. Foi 11º no Tirreno e 10º no País Basco, mas esta é a sua prova predileta. Está na equipa de Ilnur Zakarin mas deve poder fazer a sua prova. Subidas à sua medida e contra-relógio ainda melhor, colocam Spilak na rota dos primeiros lugares.
Possíveis surpresas
Há alguns ciclistas que estão aqui para fazer a última prova antes do Giro. É o caso de Ilnur Zakarin, vencedor de 2015 e 4º no ano passado, em dois anos em que também fez o Giro. Não sabemos que o russo estará aqui apenas para se testar em alguns dias, já que o tempo para recuperar entre a Romandia e o Giro é curto. Se vier para lutar pela vitória, é um forte candidato a estar pelo menos no pódio. Bob Jungles também vai ao Giro e passa pela mesma situação. Simon Yates já não vai ao Giro, pelo que pode gastar as energias todas aqui. Estará na frente nas etapas de montanha, no entanto pode perder algum tempo no dia final. Tejay van Garderen tem um percurso perfeito, mas não está a ter um ano muito bom, pelo que não esperamos uma grande prestação. Andrey Amador tem uma oportunidade quase única de liderar a Movistar e tem na equipa Jonathan Castroviejo, ciclista que deve ganhar bastante tempo nos contra-relógios. Sebastian Reichenbach, Diego Ulissi, David de la Cruz, Pierre Latour, Rigoberto Uran e Jarlinson Pantano estarão na frente nas etapas de montanha, mas os contra-relogios não os beneficia. Por fim, gostaríamos de destacar o polivalente Fabio Felline.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Mathias Frank e David Gaudu.