Antevisão da La Fleche Wallonne
Após uma Amstel Gold Race animada e onde alguns dos candidatos não estiveram na movimentação decisiva, é agora tempo de se entrar nas clássicas acidentadas e será hora dos reais especialistas em subidas curtas e inclinadas ocuparem os primeiros lugares. A Fleche Wallonne é marcada claramente pelo Mur de Huy, ascensão com rampas terríveis à qual apenas um lote muito restrito de corredores se adapta e onde não costuma haver muitas surpresas.
Percurso
Em relação às outras grandes clássicas da Primavera, a Fleche Wallonne é uma prova mais curta, com apenas 204.5 kms, contando com 9 subidas categorizadas. Os ciclistas partem de Binche e chegam no icónico Mur de Huy.
Como é tradicional os primeiros quilómetros serão planos e para definir qual será a escapada que vai marcar a jornada e, ao contrário dos anos anteriores, este ano a prova é ainda mais plana. A primeira colina surge apenas aos 131.5 kms, com o Cote d'Amay (1.4 kms a 6.7%), logo seguida pelo Cote de Villers-le-Bouillet (1.2 kms a 7.5%), antecedendo a primeira passagem pelo Mur de Huy (1,3 kms a 9,3%) que irá ocorrer ao quilómetro 146.5, ou seja, a 58 kms da chegada.
Segue-se então um circuito de 29 kms, com um total de 3 colinas, começando com o Cote d'Ereffe (2.1 kms a 5%), seguindo-se o Cote de Cherave (1.3 kms a 8.1%), para depois irem para a segunda passagem pelo Mur de Huy, que surge a apenas 29 kms da linha de meta. Nesta fase já deveremos ver alguns ataques de figuras secundárias, para obrigar as principais formações a desgastarem-se, e o pelotão já deverá estar mais reduzido.
Com a passagem pela linha de meta, volta-se a fazer o circuito já referido, com o O circuito o Cote d’Ereffe a estar a 16,5 kms da meta e o Cote de Cherave a apenas 5,5 kms do final, que deverá ser palco de muitos ataques. À entrada do Mur de Huy a luta por posicionamento será intensa, a subida tem 9,6% de inclinação média, mas é no miolo que se decide tudo, com o final a ser num falso plano.
Favoritos
Para ter uma boa prestação na Fleche Wallonne é necessário ser-se um bom trepador, bastante leve, com muita explosividade, estar com uma boa condição física e adaptar-se na perfeição a rampas inclinadas, uma mistura entre o puro trepador e o especialista em clássicas, sendo esta a receita para vingar no Mur de Huy.
Neste lote de grandes candidatos é impossível não incluir Alejandro Valverde, o murciano que triunfou no Mur de Huy nas edições de 2006, 2014, 2015 e 2016. O corredor da Movistar vem de vencer a Volta ao País Basco, depois de já ter ganho na Catalunha e na Andalucia. Se o deixarem chegar na frente no Mur de Huy será impossível batê-lo, pelo que apenas uma queda ou um furo podem ser fatores impeditivos de vencer a prova pela 5ª vez na carreira.
A Sky fez um grande trabalho na Amstel Gold Race, mas Michal Kwiatkowski falhou, e é provável vermos a equipa britânica na frente do pelotão de novo, desta vez para Sergio Henao. Devido às suas características de trepador leve e explosivo, à condição física que demonstrou no País Basco e porque ainda no último Domingo esteve a bom nível na Amstel Gold Race, estando bem na frente. Sergio Henao foi 2º em 2013 e 7º em 2015.
Outsiders
Daniel Martin é a única aposta da QuickStep Floors, depois das lesões de Philippe Gilbert e Julian Alaphilippe. Assim, o irlandês pode partir com uma pressão extra, mas os resultados dele este ano mostram que está pronto: 5º na Comunidad Valenciana, 6º no Algarve, com vitória na chegada ao Alto da Fóia, e na Volta a Catalunha e 3º no Paris-Nice, estando também em destaque nas chegadas em alto. Aqui foi 6º em 2012, 4º em 2013, 2º em 2014 e 3º em 2015, estando à vontade nas rampas inclinadas do Mur de Huy.
Michael Albasini é um dos ciclistas mais regulares nesta prova. O suíço já demonstrou muita qualidade e é muito corredor nesta ascensão, ele que foi 7º em 2008, 9º em 2009, 10º em 2010, 11º em 2011, 2º em 2012, 7º em 2014, 3º em 2015 e 7º em 2016. Ou seja, nas últimas 9 edições, em 8 delas Albasini terminou nos 11 primeiros e em 2 delas fez mesmo pódio. Esteve em destaque na Amstel Gold Race, ao finalizar no pódio, e na Volta ao País Basco, onde venceu uma etapa, e tem aqui a sua prova predileta da semana.
Michal Kwiatkowski é a segunda carta da Team Sky. O polaco rejuvenesceu para o ciclismo, com uma bela temporada, ao ser 2º no Algarve e na Amstel Gold Race e vitórias na Strade Bianche e na Milano-SanRemo. Já foi 3º em 2014 e 5º em 2015 e parece capaz de voltar a esses resultados. Foi um dos mais fortes no passado domingo e pode muito bem sair com a vitória.
Possíveis surpresas
O vencedor não deve fugir dos nomes já referidos, mas pode acontecer uma surpresa. A Cannondale-Drapac vem com grandes expectativas para esta prova, apostando em Rigoberto Uran e Michael Woods. Ambos estiveram em bom plano no País Basco e em competições anteriores, com destaque para o segundo que foo 2º no GP Miguel Indurain. Foi 12º no ano passado. Diego Ulissi e Rui Costa serão as apostas da UAE Team Emirates, eles que vêm de boas prestações, o primeiro no País Basco e o português na Amstel, onde esteve perto de estar na movimentação decisiva. Ambos já fizeram top 10 nesta prova. Alexis Vuillermoz foi 6º em 2015 e tem aqui uma chegada perfeita, ele que também tem Romain Bardet na equipa e com probabilidades de fazerem top 10. Warren Barguil, Ion Izagirre e Jarlinson Pantano são as outras opções que consideramos como potenciais candidatos aos primeiros lugares. Para ataques de longe, temos que ter em atenção ao combativo Tim Wellens.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Marc Soler e Pierre Latour.