Antevisão da Amstel Gold Race
A semana das Ardenas começa, nas acidentadas estradas holandesas, repletas de muros e perigos na estrada, com a Amstel Gold Race que apresenta uma nova cara, com um percurso diferente e que pode favorecer as surpresas, visto não se saber muito bem o que esperar. A “Corrida da Cerveja”, como é denominada, tem tudo para oferecer e continuar a senda do espectáculo que se tem visto nas últimas clássicas.
Percurso
Pela terceira vez em poucos anos, o perfil da Amstel Gold Race sofre alterações profundas no seu final. Primeiro, terminava no Cauberg, até ao ano passado 2 kms depois desta dura subida e, este ano, o Cauberg fica a 30 kms da chegada.
No total, serão 264.6 kms e 35 colinas entre Maastricht e Berg en Terblijt, num sobe e desce constante. Logo ao km 9.8 está a primeira dificuldade do dia, o Slingerberg. 4 subidas se sucedem, antes da primeira passagem pelo Cauberg e ela linha de meta, com 57.6 kms disputados.
Segue-se um longo circuito de 121.9 kms, que contém, nada mais, nada menos que 18 subidas, com o Cauberg a ser, novamente a grande subida desta fase do percurso. Após nova passagem pela meta, entra-se num circuito mais curto, com apenas 68.9 kms, mas mais duro. O Cauberg volta a ser a subida final. Antes do Cauberg temos quatro colinas duras. Falamos do Kruisberg (800 metros a 8.5%), do Eyserbosweg (1100 metros a 8.1%), do Fromberg (1600 metros a 4.5%). e do Keutenberg (700 metros a 9.4%), que ficam entre os kms 40 e 29 kms da chegada. A última passagem pelo Cauberg (1200 metros a 5.8%) fica a 19 kms do fim e pode servir para as primeiras movimentações mais sérias. Nova passagem pela meta ao km 248.4 km, para os 16 kms finais.
Ficam a faltar apenas duas subidas, o Geulhemmerweg (1 km a 6.2%) e o Bemelerberg (900 metros a 5%), que ficam a 14.2 e 5.6 kms da chegada, respetivamente. Depois do Bemelerberg, o terreno ainda continua inclinado por mais um pouco, até surgir uma longa descida que leva o pelotão aos 700 metros finais, que são feitos em linha reta e a alta velocidade.
Favoritos
Este ano, o Cauberg situa-se longe da meta, pelo que os ataques terão de ser feitos de longe para se fazerem diferenças. Muitas equipas quererão endurecer ao máximo a prova, para tentar deixar os sprinters para trás, no entanto não será fácil. Assim, podemos ver um pequeno grupo a chegar à meta ou um pelotão mais ou menos bem composto a discutir o triunfo.
Ora, em ambos os cenários, temos que falar de Michael Matthews. O australiano tem aqui o seu primeiro grande objetivo da temporada e quer, finalmente, vencer depois de ter sido 3º e 5º nas últimas duas edições. Se existirem ataques, ‘Bling’ deve estar na frente (quem não se lembra a forma como ele acompanhou Gilbert no Cauberg em 2014) e se for em sprint é dos mais rápidos presentes. Esteve em grande no País Basco e vem com Simon Geschke, Wilco Kelderman e Warren Barguil para o ajudar no final.
O seu grande adversário deve ser Greg van Avermaet, que é um dos ciclistas do momento. Acabadinho de ganhar o seu primeiro monumento, não deve ter dificuldades em passar na frente as colinas e também o devemos ver ao ataque na fase mais dura, visto que é num grupo mais restrito que tem mais possibilidades de vencer. Actualmente, é o melhor corredor de clássicas do mundo e isso diz tudo.
Outsiders
Sonny Colbrelli venceu o aquecimento desta prova (a Brabantse Pijl), mostrando estar em grande forma. No ano passado foi 3º, o primeiro do grupo perseguidor, significando que tem uma boa ponta final, o que também se pode demonstrar com a vitória deste ano no Paris-Nice e top 10 no Tour de Flandres. O mais provável é esperar pelo sprint, mas nunca podemos descorar de ver o irreverente italiano na frente.
Philippe Gilbert está numa forma fenomenal e ataca a sua 4ª Amstel. Ganhou, de forma clara, o Tour de Flandres e entra na semana das Ardenas cheio de confiança. Está numa equipa fortíssima, com Petr Vakoc, Gianluca Brambilla, Zdenek Stybar e Daniel Martin como principais ajudas. Deve atacar nas subidas que antecedem ou até no Cauberg, de forma a partir o grupo, já que num pelotão mais numeroso não tem hipótese de triunfar.
Com a alteração de percurso, esta corrida pode ser uma caixinha de surpresas. Assim, optamos por um ciclista que de certeza vai atacar numa fase mais dura da prova. É de Tim Wellens que estamos a falar, ciclista belga que é conhecido pelos seus ataques de longe. Depois de um excelente início de ano e de um mês mais fraco, o ciclista da Lotto Soudal voltou aos bons resultados com o 4º lugar na Brabantse Pijl. Para vencer, terá de chegar isolado e o final rápido é perfeito para isso.
Possíveis surpresas
Alejandro Valverde é outro dos ciclistas do momento, tendo já 9 vitórias em toda a temporada. Se o final fosse no Cauberg estaria entre os favoritos, no entanto, esta mudança não favorece tanto o ‘Bala’. Deve seguir Avermaet e Gilbert nos ataques e pode vencê-los ao sprint; já num grupo maior é quase impossível. Bryan Coquard é o último grande sprinter que pode estar na discussão da corrida. Vem de uma boa a Brabantse Pijl e foi 4º no ano passado. Olhando para outros homens rápidos, temos que referir Fabio Felline, Ben Swift e Kristian Sbaragli. Para possíveis atacantes e ciclistas a estarem na movimentação decisiva, Michal Kwiatkowski, o vencedor do ano passado Enrico Gasparotto, Oliver Naesen, Jay McCarthy, Michael Valgren, Simon Gerrans, Michael Albasini, Diego Ulissi, Petr Vakoc, Nathan Haas, Patrick Konrad e o português Rui Costa. Por fim, gostaríamos de destacar Lilian Calmejane, francês que está a ter um 2017 muito bom, com muitas vitórias, e que se estiver num grupo reduzido pode ser um perigo, e Sean de Bie, belga com uma boa ponta final e que passa bem as dificuldades que vai ter pela frente.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Arthur Vichot e Ion Izagirre.