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De campeão mundial júnior de saltos de esqui a vencedor da Volta ao Algarve - A história de Primoz R


Poucos são os atletas que ao longo da sua vida conseguem praticar de forma profissional e ao mais alto nível dois desportos que estejam aparentemente desconectados. Uma coisa é passar do triatlo para o atletismo ou vice-versa, outra em diferente é passar dos saltos de esqui, um desporto que requer explosão e é praticado maioritariamente na neve, para o ciclismo, um desporto que muitas vezes pede resistência muscular e está inserido nos Jogos Olímpicos de Verão. Pois bem, Primoz Roglic logrou fazer esta transição com inusitado sucesso. Nascido em Trbovlje, na Eslovénia a 29 de Outubro de 1989, Roglic cresceu numa pequena cidade chamada Kisovec. Num país que tem nos saltos de esqui um desporto nacional e com infra-estruturas acima da média, o jovem Roglic iniciou-se então nessa modalidade, fazendo a primeira prova oficial com apenas 13 anos. Lentamente foi subindo nos rankings e em 2006 conquistou a sua 1ª vitória, numa prova do 2º escalão. Em 2007 foi convocado para representar a selecção eslovena nos campeonatos do Mundo junior, em Tarvisio, Itália, onde foi 5º na competição individual e campeão mundial do escalão na prova colectiva. Nesse mesmo ano sofreu uma grave queda no gigante trampolim de Planica, como podem ver aqui (https://www.youtube.com/watch?v=oNRYgKyZBAI), ficou inconsciente por momentos, mas ficou só, felizmente, com hematomas. Nos anos seguintes foi sofrendo muitas lesões, particularmente nos joelhos e o último registo de prova na Federação Internacional de Esqui vem de 2011. Roglic sentiu falta de motivação, por todos os contratempos sofridos e por ter a noção que nunca conseguiria estar ao nível dos melhores. Em 2012 resolveu vender a sua moto, de modo a poder comprar uma bicicleta. Nesse mesmo ano participou em algumas competições amadoras e chamou à atenção de Bogdan Fink, director da equipa continental eslovena Adria Mobil, que o contratou. No primeiro ano como corredor profissional as coisas não lhe correram bem, mas 2014 foi uma temporada de grande sucesso, vencendo 1 etapa da Volta ao Azerbaijão e a clássica Croácia-Eslovénia. Em 2015 um jovem franzino começou a chamar a atenção de muitos amantes da modalidade, ao ser 2º na Volta a Croácia, 1º na Volta ao Azerbaijão e ao triunfar na Volta à Eslovénia à frente de nomes como Mikel Nieve e Diego Ulissi. A Team LottoNL-Jumbo gostou do que viu e decidiu arriscar numa desconhecido com poucos anos de ciclismo, mas muita margem de progressão, uma aposta que viria a ser ganha. No primeiro ano de World Tour, Roglic estreou-se no Tour Down Under, mas rapidamente se mostrou com o 5º posto na Volta ao Algarve. Foi chamado para o Giro e logo na jornada inaugural esteve muito perto de estragar a festa a Tom Dumoulin. A vitória em etapa surgiu no longo contra-relógio de 40.5 kms na 9ª etapa. Tendo o contra-relógio como especialidade ainda foi campeão nacional, 10º nos Jogos Olímpicos e 7º nos Campeonatos da Europa. Já com muitos a olharem para ele como um caso sério mostrou-se bem este ano na Volta à Comunidade Valenciana, para depois ganhar na prestigiada Volta ao Algarve, numa exibição de autoridade. Recentemente foi 4º no Tirreno-Adriatico, mesmo apesar de ter sido atropelado no reconhecimento do contra-relógio colectivo. Inserido numa equipa que dá oportunidades e espaço para ele evoluir, Roglic é um fenómeno que equilibra quase na perfeição capacidade de contra-relógio e de alta montanha numa forma de correr aparentemente sem esforço e sempre discreta. Transferiu os sonhos dos trampolins para a estrada e com um enorme sucesso, estaremos cá para seguir a sua carreira.


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