Antevisão do Tirreno-Adriático
O World Tour continua e, como já é hábito, ao mesmo tempo do Paris-Nice vai decorrer o Tirreno-Adriático. Esta será a 52ª edição da Corrida dos 2 Mares e terá um percurso equilibrado com etapas para todos os gostos, o que deverá favorecer o espectáculo. Os vencedores das últimas 3 edições (Nairo Quintana, Vincenzo Nibali e Greg van Avermaet) estão presentes, acontecendo o mesmo com Rui Costa.
Percurso
Como tem vindo a ser tradição, o Tirreno-Adriático volta a começar com um contra-relógio colectivo na cidade de Lido de Camaiore, com um total de 22,7 kms. Este é um contra-relógio sem dificuldades que tem se vai disputar à beira-mar com longas retas que devem favorecer as melhores equipas neste esforço.
A 2ª etapa não será para os sprinters como seria de esperar, voltando a ter o final em Pomarance, como no ano passado. No total são 229 quilómetros, sendo que os últimos 50 quilómetros finais são os mais duros, com a Volterra (9,85 kms a 4,4%), o Montecatini Val di Cecina (3,4 kms a 6,2%), que acaba a 22,4 quilómetros do fim, e a subida final, que coincide com a meta a ter 8,3 kms a 4% de inclinação média, apesar de existirem várias rampas acima de 10%. Os últimos 2 quilómetros são a 4,7%.
A 3ª tirada volta a trazer uma armadilha no final que pode afastar alguns sprinters da luta. Com uma contagem de montanha longa, 16 kms, mas a apenas 3% o que não deve ser a grande ameaça aos homens rápidos, uma vez que ainda fica longe do final. O quilómetro derradeiro é que pode surpreender, com este a ter uma inclinação média de 3,5% mas com uma rampa de 7% a 750 metros do fim o que pode levar a ataques.
A etapa rainha surge ao 4ª dia, com a chegada em alto da prova. Com 171 quilómetros, tudo será decidido na subida final, o Monte Terminillo. Serão 16,1 quilómetros a 7,3%, numa subida bastante estável, com as percentagens sempre a rondarem o que já foi referido. Os 4 quilómetros finais são a 8%, sendo que os 500 metros finais são feitos num falso plano.
Mais uma longa jornada, outra acima de 200 quilómetros, 209 para ser mais concreto. Depois de uma fase inicial relativamente fácil, apesar de uma longa subida, tudo se torna mais interessante nos 55 quilómetros finais, que contém 6 pequenas colinas. Uma delas é o Capodarco (2,6 kms a 6%, mas com rampas a 18%), que fica a 29 quilómetros da chegada. A Madonnetta d'Ete (2,3 kms a 8,1%) surge de seguida, terminando a 8,8 quilómetros da chegada. Uma descida leva ao muro final de 3800 metros. Os primeiros 500 metros são duríssimos, a 14,3%, chegando aos 22%, sendo que a estrada volta a empinar à entrada do quilómetro final, com os 350 metros finais a serem a 9,6%.
Os sprinters esperam ter a sua oportunidade na 6ª etapa, com 159 quilómetros. Grande parte da tirada é feita num terreno ondulado, mas sem subidas categorizadas. A grande dificuldade surge a 9 quilómetros da chegada, com pouco mais de 1 quilómetro a 4,7% e uma rampa a 8%, antes da descida para os quilómetros finais que são totalmente planos.
A 7ª e última etapa será o tradicional contra-relógio em San Benedetto del Tronto. Serão apenas 10 quilómetros completamente planos, ideais para os contra-relogistas puros, mas onde o vento poderá ter um papel importante uma vez que a etapa se desenrola junto ao mar.
Favoritos
O vencedor desta prova provavelmente será decidido no Terminillo, na longa chegada em alto, mas os dois contra-relógios (colectivo e individual) podem também ditar diferenças importantes. Muito cuidado com a etapa 5, tem tudo para ser complicada de controlar.
O colombiano Nairo Quintana continua a sua preparação para o Giro, depois de ganhar a Volta à Comunidade Valenciana ficou num duelo de marcações directas no Abu Dhabi Tour. Aqui a Movistar vem com a carne toda no assador para o TTT, Amador, Bennati, Castroviejo, Dowsett, Oliveira e Sutterlin, e ainda tem Dani Moreno para a montanha. Precisa, no entanto, de ganhar muito tempo no Terminillo.
Vencedor desta competição em 2012 e 2013, Vincenzo Nibali parece claramente estar a subir de forma. A Bahrain tem uma grande equipa para o contra-relógio, com Boaro, Moreno, Navardauskas e Siutsou. O Tubarão de Messina quer começar a deixar a sua marca e a Bahrain está motivada depois da vitória de Sonny Colbrelli.
Outsiders
Rui Costa procura continuar a sua fenomenal temporada de 2017, mas a vitória aqui não será fácil. Terá perdas enormes logo na 1ª etapa e na alta montanha será complicada recuperar. Falta também apoio para a alta montanha, numa equipa que parece mais virada para Sacha Modolo. O pódio parece uma possibilidade real, existem 2 etapas de média montanha muito ao jeito do Rui.
Tom Dumoulin continua a ascensão do corredor na Team Sunweb nos rankings das provas por etapas, foi 3º no Abu Dhabi Tour. É daqueles ciclistas que vão tentar minimizar perdas no Terminillo, pois no último dia tem potencial para ganhar 30/40 segundos à concorrência.
Em último lugar, mencionamos um ciclista que nos impressionou imenso na Volta a Andaluzia e mesmo na Strade Bianche, onde esteve o dia todo na fuga. Falamos de Thibaut Pinot. Tem uma excelente equipa, com Morabito e Reichenbach para a montanha e Ludvigsson, Roux e Roy para o contra-relógio. Forte na alta montanha, tem mostrado excelentes progressos no contra-relógio. As condições climatéricas têm de estar favoráveis.
Possíveis surpresas
Rigoberto Uran foi 3º no G.P. Industria e seguiu as acelerações de Adam Yates, alguns dos seus melhores resultados são em Itália, mas não tem a equipa mais forte com ele. O vencedor dessa prova italiana foi precisamente Adam Yates, que parece estar a voar na montanha. O contra-relógio final de 10 kms vai fazê-lo perder imenso tempo, na chegada em alto é um forte candidato. Bauke Mollema é o líder da Trek-Segafredo, já foi 9º em 2016 e 2º em 2015, vem de um 4º lugar no Abu Dhabi Tour, além disso, conta com o apoio de um fortíssimo Fabio Felline. Fabio Aru parece estar a subir de forma, mas ainda não está ao nível dos melhores, vai ser prejudicado nos contra-relógios, é uma aposta sólida para top 10. A Team Sky vem com diversas opções, Michal Kwiatkowski que tem várias etapas ao seu jeito, mas deve perder tempo no Terminillo, Geraint Thomas e Mikel Landa que são pequenas incógnitas, e ainda Diego Rosa, que procura mostrar todo o seu nível após uma Strade Bianche onde falhou os objectivos. Atenção ainda a Alexandre Geniez, Tejay van Garderen, Robert Gesink e Simon Spilak.
Super-Jokers
Os nossos super-jokers são Damiano Caruso e. Sebastian Reichenbach.