Antevisão do Paris-Nice
O Paris-Nice, também conhecido como ‘A corrida para o Sol’ é a primeira prova por etapas World Tour a ser feita na Europa. Este ano, a ASO preparou um percurso mais duro que nos últimos anos, com três chegadas em alto e um contra-relógio que termina numa subida dura.
Percurso
A 1ª etapa é muito interessante, curta (148,5 kms) e repleta de colinas. Tem partida e chegada em Bois d’Arcy e é disputada em circuito. Tem 2 passagens por 1 contagem de 3ª categoria (1,1 kms a 5,5%) e ainda existe uma colina (1 km a 5%) na aproximação ao último quilómetro, que é em ligeira descida.
O 2º dia tem uma altimetria muito mais comum, são 195 kms praticamente planos, só com 1 contagem de 3ª categoria logo no início. Dia perfeito para os puros sprinters.
Tudo indica que a 3ª etapa também possa cair para os homens rápidos. As 2 subidas categorizadas estão na 2ª metade, o Cote de Grandmont (2,4 kms a 4,9%) e ainda o Cote de Charrecey (2,1 kms a 6,7%), este último a 25,5 kms do final.
A 4ª jornada é algo invulgar e irá fazer as primeiras reais diferenças, são 14 quilómetros de contra-relógio individual, com final no Mont Brouilly, uma ascensão bem dura com 3 kms a 7,7%, longe de ser um esforço para puros especialistas apesar de 11 kms planos ou a descer.
Na 5ª tirada teremos um carrossel, não obstante somente 2 subidas categorizadas, são 200 kms de sobe e desce constante, que vai deixar mossa. A última subida pode ser alvo de ataques, está a 50 kms da meta e tem 2,7 kms a 6,5%. Atenção que já dentro dos 1000 metros finais há uma descida e depois os últimos 500 metros são a cerca de 3%. Dia para sprinters fortes.
Os trepadores entrarão em acção na 6ª etapa, uma longa ligação até Fayence, com 6 contagens de montanha, 3 delas de 1ª categoria. Os primeiros 13 quilómetros são a subir e a fuga será constituída por homens de qualidade. Já dentro dos 50 quilómetros finais há o Col de Bourigaille a ser passado por 2 vezes (5,5 kms a 6,1% na 1ª vez e 8,1 kms a 5,9% na 2ª vez) e o final em Fayence depois de uma longa descida é duríssimo, os últimos 1300 metros têm 9,8%.
Na 7ª jornada temos a chegada ao alto, numa tradicional etapa ao estilo do Tour. Primeiro no menu há o Col de Vence (9,7 kms a 6,6%), depois o Col Saint-Martin (7,5 kms a 7,2%) e para culminar temos o Col de la Couillole, com uns temíveis 15,7 kms a 7,1%. A ascensão final é muito constante, raramente baixa dos 6% e as zonas de descanso são poucas.
Para acabar mais uma edição em Nice temos o tradicional final no Promenades des Anglais, espectáculo garantido quando há 5 contagens de montanha em 115,5 kms. Após 3 contagens de 2ª categoria há que lidar com o Cote de Peille (6,5 kms a 6,9%) e por fim, com o Col d’Eze (7,7 kms a 5,7%) a somente 15 kms da meta. Segue-se uma descida interessante para uma estupenda área de turismo. O desfecho aqui é completamente inesperado, tanto pode o vencedor vir de uma longa fuga ou de um sprint em grupo reduzido.
Favoritos
Apesar da existência de duas chegadas em alto, acreditamos que o contra-relógio individual da 4ª etapa pode vir a fazer muitas diferenças e separar as águas entre os candidatos que podem não conseguir recuperar nas etapas de montanha.
Ora, Alberto Contador preenche todos estes requisitos. O espanhol começou a temporada na Andaluzia, fazendo 2º lugar e estando muito activo nas etapas de montanha, faltando-lhe apenas algum ritmo, que ganhou em Abu Dhabi, onde foi a sombra de Nairo Quintana. O Pistolero já venceu esta prova por duas vez (2007 e 2010) e quer meter, de novo, as mãos no troféu, isto depois de ter sido 2º no ano passado.
O seu grande adversário deverá ser Richie Porte, que já venceu esta prova em 2011 e 2013 e foi 3º no ano passado. O australiano não corre desde o Tour Down Under e isso pode ser um ponto negativo, no entanto deve ganhar tempo a todos os seus adversários no contra-relógio. Na montanha, só Contador o pode deixar para trás e, se não o conseguir, tem a vitória na mão.
Outsiders
Ilnur Zakarin é outro ciclista que anda bem no contra-relógio e na montanha. O russo vem de um 2º lugar no Abu Dhabi Tour e tem um bom historial aqui, tendo ganho a etapa rainha do ano passado e finalizando no 4º lugar. Pode aproveitar a marcação entre os dois grandes favoritos e atacar, ou também utilizar a sua boa ponta final para conseguir ir às bonificações.
Ion Izagirre estava a fazer uma excelente Volta a Andaluzia até cair e abandonar. Está de volta e com um percurso à sua medida. O espanhol é dos melhores do mundo em contra-relógios com dificuldades e pode ganhar tempo aí. O problema é a falta de apoio que terá na montanha e as possíveis lesões que ainda possa ter da queda. Foi 5º no ano passado.
O recém-coroado campeão colombiano Sergio Henao pode vir a estar na luta pela geral, no entanto tudo vai depender das etapas de montanha, onde é um dos favoritos a chegar às bonificações, uma vez que vai perder algum tempo na fase plana do contra-relógio. Como já referimos, as chegadas em alto são perfeitas para ele, principalmente a etapa 6 onde é o candidato máximo. No ano passado, andou a rebocar Geraint Thomas e ainda foi 6º.
Possíveis surpresas
O duo francês composto por Romain Bardet e Julian Alaphilippe também são uma séria ameaça, principalmente ao pódio, pois devem perder tempo considerável no contra-relógio. Dos dois, acreditamos mais em Alaphilippe, que esteve em bom plano no Abu Dhabi Tour. Não acreditamos que a luta pelo pódio fuja dos nomes já referidos, por isso acrescentamos nomes que possam figurar no top 10. Falamos de Daniel Martin, Simon Yates, Pierre Latour, Davide Formolo, Pierre Latour, Jakob Fuglsang, Tony Gallopin, Diego Ulissi e Steven Kruijswijk.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Arnold Jeannesson e Lilian Calmejane.