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Antevisão da Volta ao Algarve


A primeira grande competição portuguesa tem o seu início no dia de amanhã, com um percurso que agrada todo o tipo de ciclistas. O lote de ciclistas para a geral pode não ser tão forte como em anos anteriores, no entanto os melhores sprinters do mundo estão quase todos presentes.

Percurso

A 1ª etapa liga Albufeira a Lagos e tem a extensão de 182,9 kms. Os sprinters terão aqui uma oportunidade de ouro, com a única contagem de montanha a surgir aos 22,4 kms. De resto é muito simples, terreno maioritariamente plano, com uma recta de 900 metros. Geralmente este percurso é efectuado no sentido inverso, com o final em Albufeira.

A 2ª tirada irá a definir a classificação geral, é de novo bem extensa, com 189,3 kms e termina no Alto de Foia. Após 120 kms planos começa a real dureza com a subida de Eirinha (4,7 kms a 6,4%). Após a passagem por Monchique os corredores seguem para o Alto da Pomba, uma subida que pode ser mais importante do que parece. É muito dura (3,6 kms a 8,5%) e o grupo pode partir-se aqui, ou então alguma equipa impor um ritmo muito alto. Isto porque o Alto de Foia não é assim tão duro, tem 9,1 kms a 6,2%. Este ano será efectuado por uma vertente distinta, mas após a primeira parte da ascensão é complicada os puros trepadores fazerem diferenças.

Na 3ª jornada temos o habitual contra-relógio, disputado em Sagres, e este ano com 18 kms. Após um primeiro terço algo técnico, os ciclistas entram numa longa recta, num percurso de ida e volta, onde o ponto de viragem é o Cabo de São Vicente. É um traçado para puros especialistas.

A 4ª etapa volta a ser propícia para um sprint final, com mais de 200 kms, tem apenas 1 contagem de montanha, sendo esta de 3ª categoria. A ligação entre Almodôvar e Tavira termina com uma ligeira inclinação, algo que não impediu a vitória de Marcel Kittel no ano passado.

O Alto do Malhão será o palco das rectificações finais na classificação geral. A etapa rainha tem 179,2 kms, mas apresenta 5 contagens de montanha, a última delas a coincidir com a meta. Após 85 kms planos começam as dificuldades, com a subida de Monte da Casinha (6,1 kms a 4,3%), segue-se a passagem por Vermelhos (3 kms a 5,7%), antes da primeira passagem pelo Malhão, a cerca de 40 kms do final. Esta contagem de 2ª categoria tem 2,8 kms a 8,9%. Estas 2 últimas subidas repetem-se, numa espécie de circuito, desenhado para tentar trazer mais adeptos às estradas algarvias. Tal como a passagem desta tirada para o Domingo. O Malhão é mais uma ascensão para puros trepadores que a Fóia, é uma subida algo irregular e talhada para ciclistas do estilo de Alberto Contador, que ganhou aqui em 2016.

Favoritos

Esta é mais uma edição em que temos uma Algarvia recheada de estrelas, ciclistas de topo mundial, no entanto parece-nos um patamar abaixo em relação ao ano passado no que toca a corredores para discutir a classificação geral. Não há Contador, Pinot ou Aru. Por outro lado, a qualidade dos sprinters aumentou de forma substancial. A prova está em aberto e não deverá haver um dominador claro, vai ser uma batalha entre contra-relogistas que se defendem bem na montanha e puros trepadores.

Para esta categoria escolhemos Primoz Roglic. O esloveno impressionou-nos imenso na Vuelta a Comunitat Valenciana e tem as armas todas para triunfar aqui. É excelente no contra-relógio (vai ganhar tempo à maioria dos rivais, senão a todos) e está a melhorar a olhos vistos na montanha. E já no ano passado Roglic andou muito bem na Fóia e no Malhão, finalizando em 5º na geral.

A segunda escolha parece-nos mais complicada, mas optamos por Tony Gallopin. O francês é um poço de regularidade e é extremamente completo. Competente no contra-relógio e bom na montanha, o corredor da Lotto-Soudal começou bem a temporada, tem estado sempre na frente das corridas. No ano passado fez 6º na classificação geral.

Outsiders

Luis Leon Sanchez é outro nome a ter em conta. O espanhol é um bom contra-relogista, gosta da Algarvia e já ganhou no Alto da Fóia, no ano passado. O grande problema de “LuisLe” será o Malhão, mas mesmo aí já finalizou dentro dos 10 melhores. Tem uma equipa muito forte e recheada de opções.

Michal Kwiatkowski está à procura de voltar aos seus melhores tempos, e isso pode acontecer numa prova que já foi ganha pelo polaco. Esteve sempre no pódio entre 2013 e 2015, o corredor da Team Sky esteve muito mal em 2016, mas acreditamos ser dos poucos com capacidades para bater Roglic, se estiver em boa forma, como é óbvio.

Amaro Antunes mostrou mais uma vez conseguir estar com os melhores do Mundo este mês. Irá perder muito tempo no contra-relógio, mas tal como no ano passado, tem tudo para ir recuperando lugares na alta montanha, até mesmo sonhar com 1 vitória em etapa. Será complicado recuperar a diferença para todos, mas se foi 10º em 2016, e este ano estão menos trepadores de alto nível, o resultado tem tudo para ser melhor.

Possíveis surpresas

Simon Spilak é um especialista em provas de 1 semana, a Katusha iniciou bem a época e o esloveno mostrou estar a subir bem na Vuelta a Murcia. Só que a Katusha tem várias opções, Tony Martin, que deverá ganhar o contra-relógio (resta saber o tempo que perde, principalmente no Malhão) e Tiago Machado, que nas últimas 10 edições da prova esteve sempre no top 20, 7 das vezes no top 6 (!!!). Daniel Martin é dos melhores trepadores aqui presentes, mas ainda não está no topo da forma e deverá levar um rombo no contra-relógio. Andrey Amador é outro potencial candidato, só que não costuma iniciar bem as temporadas. Ruben Guerreiro irá sair prejudico pelo esforço individual, devendo andar junto dos melhores na montanha. A surpresa geral pode vir de 2 jovens talentos que parece que podem fazer de tudo, Gianni Moscon e Tiesj Benoot, 2 corredores cheios de ambição e qualidade, com liberdade para brilhar.

Super-Jokers

Os nossos super-jokers são Vicente Garcia de Mateos e Dries Devenyns.


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